terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Aliviando o Fardo – Paulo Junior


(…) Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. (…) Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los. 
 É preciso muita sabedoria, constante direção e inspiração divina para vivermos o Evangelho autêntico e puro, sem cometermos erros que nos tornem legalistas, que conduzem a um cativeiro religioso ao invés de saúde espiritual.
 É exatamente sobre isso que trata o versículo acima: os fariseus queriam ser santos ao extremo, queriam ser aceitos por Deus ao extremo, queriam mostrar auto piedade, dificultando ainda mais a lei de Deus. Talvez quisessem ser “super espirituais” e até radicais, colocando sobre eles e sobre os seus liderados um fardo/jugo muitíssimo pesado que ninguém, nem eles mesmos, poderiam levar.
 Eis aqui o grande perigo que incorrem aqueles que buscam o crescimento espiritual e a sua santificação num grau mais elevado, ou mesmo aqueles que conduzem outros a buscarem: começamos a viver um padrão de cristianismo tão minucioso, detalhista, infalível, inerrante, sufocante, que ao invés de nos trazer alegria, paz interior e libertação, na verdade nos traz angústia e cativeiro. Somos presos em leis que nós mesmos formulamos, isso então se torna um fardo pesado e difícil de suportar!
 Estamos querendo ser santos por nossos próprios esforços, por autopunição, querendo ser aceitos e aprovados por atingirmos números, estatísticas e padrões que nós criamos ou vemos em outros, enfim, o cristianismo se torna para nós uma religião opressora e enfastiante. Ficamos em constante cobrança a nós mesmos, não aceitamos nenhum deslize, afinal de contas nós mesmos colocamos esse julgo de leis sobre nós – e quando invariavelmente falhamos, por não conseguir executar todas as coisas com a perfeição esperada – nos sentimos fracassados, inúteis e mesmo insaciáveis para atingir a perfeição imposta a nós por nós mesmos, através de nossos esforços, jamais alcançando a esperada aprovação.
 Que cativeiro, que prisão sombria, tenebrosa e infinita entramos! Onde está a alegria da salvação, onde está a paz com Deus, onde está o prazer de sermos remidos pelo sangue de Jesus?
 Eu já cometi esses erros: muitas vezes quero submeter meus liderados a esses fardos pesados, me esquecendo da individualidade de cada um, como é dito na parábola dos talentos: “a cada um segundo a sua capacidade” (Mt 25.15), colocando fardos sobre suas costas na tentativa de fazê-los “super-homens de Deus”, e isso é legalismo!
 Vejamos também outra mostra disto na parábola do semeador: “E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta” (Mt 13.8). Vejam que grande ensino o texto traz: a semente caiu em boa terra – bons corações – ou seja, já eram aprovados, aceitos e “bons”, porém com alguns haverá uma produção de 30, outros de 60 e já em outros de 100! Apesar de todos serem de Deus e estarem em Cristo, nem todos serão iguais, nem todos terão os mesmos resultados – tanto no crescimento espiritual, quanto no ministério – como é importante saber isso!
 Por isso estou escrevendo essa mensagem, para consolar você: crente fiel, honesto e batalhador!  Com todas as suas fraquezas e pecados, sei que você é honesto para com Deus e deseja honrá-lo de todo o seu coração!
 Entendamos o que diz o profeta Zacarias: “Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito diz o Senhor” (Zc 4.6)Não serão fardos legalistas que nos trarão crescimento espiritual, mas sim o Espirito Santo, da Sua maneira, do Seu modo, no Seu tempo, na Sua soberania, sem artifícios carnais, sem imposições torturantes… será a obra invisível que opera o querer e o efetuar: regenerando, trazendo fome e sede de Deus, nos fazendo exalar o bom perfume de Cristo (Fp 2.13, 2Co 2.14-15). Ah, se entendêssemos a profundidade desse versículo!
 E quanto à aceitação? Não é nosso esforço que nos trará aceitação – foram, são e sempre serão os “méritos de Cristo” – é a maravilhosa graça! Jamais seremos dignos de qualquer coisa, nossas obras são como trapos de imundícia, não valem nada aos olhos Dele, qualquer tentativa de receber honra e reconhecimento pelo esforço é pecado! Por que é pecado? Porque retira os méritos conquistados no calvário por Cristo, atribuindo a aceitação ao esforço pessoal!
 Devido a isso Jesus rejeitou com tanta veemência as atitudes dos fariseus, pois pelos seus esforços estavam dividindo a glória de Deus com eles! E nós sabemos que tudo que somos, tudo que temos, tudo que viermos a ser vem Dele e é para Ele: Jesus Cristo! (Rm  11.36).
 O que eu te peço agora? Tire esse fardo pesado, essa autoflagelação e carregue aquele que Cristo te deu: “porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.30). Deus conhece suas condições para servi-Lo e o tempo em que você frutificará, pois “a vereda do justo é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18).
 Dia após dia, mês após mês, ano após ano, gradativamente, com Seu Espírito nos conduzindo ao crescimento e santificação, transformando-nos à imagem de Cristo, sem qualquer mérito carnal seu. Estou convencido de que aquele que começou a boa obra em vocês – vejam só: “boa obra”, ah, como é boa a obra que Cristo iniciou em nós: pacifica e gloriosa – vai completá-la até o dia de Cristo Jesus (Fp 1.6).
 Que bom que um dia Ele começou, notem: “Ele” começou – isso significa: poder Dele, vontade Dele, mérito Dele, glória Dele – e Ele também vai completá-la. Ele inicia e Ele mesmo é quem termina! Toda obra é feita por Ele, do inicio ao fim! Isso não significa que você não deve pagar preços, que deixará de travar uma luta colossal contra a carne, o diabo e sua velha natureza, não! De fato, não acabará a responsabilidade de lutar, mas no seu interior você saberá que os resultados a Ele pertencem: no Seu tempo à Sua maneira, sem qualquer culpa ou cobranças excessivas.
 Descanse, confie e tenha paciência, como está escrito: “Pelo meu Espírito, diz o Senhor!”

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