Mudar a mente, no Novo Testamento, significa arrepender-se. Quando a Bíblia fala do meu arrependimento ou do seu arrependimento, ela quer dizer que somos chamados a mudar nossas mentes, ou nossas disposições com respeito ao pecado — que somos chamado a nos afastar do mal. Arrependimento está carregado desses tipos de conotações, e quando falamos sobre arrependimento de Deus, isso, de alguma forma, sugere que Deus se afastou de algo iníquo.
Mas não é sempre isso que a Bíblia quer dizer quando usa essa palavra. Usar uma palavra como arrependimento em relação a Deus, levanta alguns problemas para nós. Quando a Bíblia nos descreve Deus, ele usa termos humanos, porque a única linguagem que Deus tem para nos falar sobre si mesmo é a nossa linguagem humana. O termo teológico para isso é linguagem antropomórfica, que significa o uso de formas e estruturas humanas para descrever a Deus.
Quando a Bíblia fala sobre os pés de Deus ou o braço direito do Senhor, imediatamente vemos isso como uma forma humana de falar sobre Deus. Mas quando usamos termos mais abstratos como arrepender-se, ficamos totalmente confusos a respeito. Há um sentido em que parece que Deus está mudando sua opinião, e há outro sentido no qual a Bíblia diz que Deus nunca muda sua opinião porque Deus é onisciente.
Ele sabe todas as coisas desde o começo, e ele é imutável. Ele não muda. Nele não há sombra de variação. Ele sabe o que Moisés vai dizer antes que Moisés abra a sua boca para suplicar por esse povo. Então, depois que Moisés fala, será que Deus subitamente muda de opinião? Ele não tem mais informação do que aquela que tinha há um momento atrás. Nada mudou no que concerne ao conhecimento de Deus ou à sua avaliação da situação.
O que, nas atitudes ou nas palavras de Moisés, poderia ter levado Deus a mudar de opinião? Creio que o que temos aqui é o mistério da providência, pela qual Deus ordena não apenas o fim das coisas que acontecem, mas também os meios. Deus estabelece princípios na Bíblia onde ele faz ameaças de julgamento para motivar seu povo ao arrependimento. Às vezes, ele declara especificamente: "Mas se vocês se arrependerem, eu não cumprirei a ameaça."
Nem sempre ele acrescenta essa condição, mas ela está lá. Creio que essa é uma daquelas situações. Estava tacitamente entendido que Deus ameaçava aquele povo com julgamento, mas se alguém intercedesse por eles de forma sacerdotal, Deus daria graça ao invés de julgamento. Creio que isso está no âmago daquele mistério. Será que Deus está confuso, tropeçando nas diferentes opções — Devo fazer isso? Não devo fazer aquilo?
Será que ele decide a respeito de uma atitude a tomar e depois pensa: Bem, talvez essa não seja uma ideia tão boa assim, e muda de opinião? Obviamente Deus é onisciente, Deus é todo sabedoria. Deus é eterno em sua perspectiva e em seu completo conhecimento de todas as coisas. Portanto, nós não mudamos a mente de Deus. Mas a oração muda as coisas. Ela nos muda. E há ocasiões em que Deus espera que peçamos, porque o seu plano é que trabalhemos com ele no glorioso processo de fazer com que a sua vontade se cumpra aqui na terra.
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