Mateus 25.14 - Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens.
15 - A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro ,um a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu.
16 - O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco.
17 - do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.
18 - Mas o que recebera um , saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19 - Depois de muito tempo , voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles,
20 - Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo : Senhor , confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei.
21 - Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel ; foste fiel no pouco , sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.
22 - E, aproximando-se também o que recebera dois talentos ; disse: Senhor, dois talentos me confiaste ; aqui tens outros dois que Ganhei.
23 - Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.
24 - Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse : Senhor , sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,
25 -receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu .
26 -Respondeu-lhe, porém, o senhor : Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde espalhei ?
27 - Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros; e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
28 - Tirai-lhe , pois, o talento e daí-o ao que tem dez.
29 - Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância ; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30- E o servo inútil,lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.
No início desta parábola vemos Jesus falando novamente a que o reino dos céus é semelhante. Ele começa dizendo que "um homem se ausentou do país e confiou seus bens a seus servos". Ora este homem que se ausentou do país é Jesus que morreu, ressuscitou e retornará para seu reino. Ele continua dizendo que um recebeu cinco talentos, outro dois e outro um, cada um conforme a sua capacidade.
Vemos que existem três níveis dentro do reino de Deus, uns receberam muitos talentos, ou seja, muitas responsabilidades, outros receberam de maneira mediana e outros receberam poucas responsabilidades, no entanto, todos receberam algum talento. Vemos um paralelo pois na parábola dos semeadores são também três níveis de produção, a saber, cem, sessenta e trinta.
Observamos que a cada um foi dado conforme a sua capacidade, ou seja, conforme o que cada poderia administrar para fazer multiplicar. Deus nunca nos dará uma responsabilidade acima da nossa capacidade (ainda que pareça ser). Assim Deus julgará cada um conforme a capacidade de cada um. Vemos que os dois primeiros servos tiveram um rendimento de 100% sobre aquilo que o seu senhor lhes confiou, porém, Deus não cobrará 5 talentos para quem recebeu apenas 1, pois não foi lhe dada esta capacidade.
Assim nos diz Tiago em sua epístola no capítulo 3, versículo 1 - Meus irmãos, não vos torneis muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo. A severidade do juízo não é igual para todos pois nem todos receberam a mesma responsabilidade. Jesus também nos diz em Lucas 12:48 - ...Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.
Deus não pede muito para aquele que recebeu pouco , e nem pouco para aquele que recebeu muito. Deus exigirá de cada um conforme a capacidade que recebeu. Vemos que receber mais ou receber menos, não designa a ninguém grau de importância, como se uns fossem mais e outros menos, mas Deus pela Sua vontade designou uns com mais capacidades do que outros, porém vemos que o tempo e oportunidade é sucedida a todos e não somente aos melhores como pensamos.
Isso quem explica é Salomão em Eclesiastes 9:11 - Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso.
Pensamos, como Salomão também pensava, que só os melhores é que conquistavam coisas, que só os ligeiros conseguiam o prêmio e só os valentes conseguiam a vitória. Porém ele observou que nem sempre era assim, que em muitas vezes o tempo e o acaso faziam que as pessoas conquistassem o prêmio, a vitória, o pão, a riqueza e o favor; e o tempo e o acaso foi algo concedido a todos.
O talento no sentido literal, significava em média 35Kg de ouro ou de prata, um talento significava naquela época ao salário de 20 anos, se fosse em prata a quantia dada o seu valor seria em média a US$60.000,00 dólares, se fosse de ouro seria US$ 1.800.000 dólares, ou seja, mesmo o que recebeu um talento recebeu bastante.
Vemos que o primeiro a sair para negociar foi o que recebera mais, logo após ele foi também negociar o que recebera dois talentos. Porque o que recebera mais foi o primeiro? Pois não somente seus talentos pesavam mais, como também sua consciência, o peso da sua grande responsabilidade o fazia agir de maneira mais diligente e ágil. Da mesma forma o que recebera dois, embora tivesse recebido de maneira mediana, ele também possuía muitas responsabilidades e teria que prestar conta daquilo que recebeu do seu senhor, sua consciência pesava um pouco menos, mais ainda sim ele tinha responsabilidades a exercer.
Mas o foco principal desta parábola se concentra no que recebera menos talentos, pois esta é uma advertência para que não caiamos no mesmo erro. Há muitas revelações, interpretações e aprendizado que podemos extrair deste último servo. A primeira é que ele tinha menos responsabilidades do que os outros, ou seja, sua consciência em relação aos outros pesava um pouco menos, e até mesmo por ele ver como os outros dois servos estavam trabalhando e indo bem nos negócios, pensou que poderia "relaxar" um pouco pois não faria muita diferença a sua contribuição e esforço tendo em vista que a maioria já estava trabalhando. É aquele pensamento que diz: "A minha contribuição não fará tanta diferença assim, pois, o que é um grão de areia no meio do deserto?"
A parábola nos diz que o último servo, abriu uma cova e escondeu o talento do seu senhor. Esconder o talento, significa não utilizá-lo, a Bíblia nos fala que a terra também significa o ser humano, Gênesis 2:7 - Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra..., ou seja, esconder o talento dentro da terra, é esconder o talento dentro de si, é não fazê-lo se manifestar.
Algo interessante é que de acordo com a lei rabínica, o ato de enterrar o dinheiro era considerado a forma mais segura contra o roubo. Se a uma pessoa fosse confiada uma quantia em dinheiro e ela o enterrasse tão logo estivesse em seu poder, ela estaria livre da culpa se algo acontecesse com ele. O oposto era verdade se o dinheiro fosse enrolado em um pano. Nesse caso, a pessoa era responsável por cobrir qualquer perda (prejuízo) incorrida devido a má administração do depósito que lhe foi confiado.
Mas vemos que Jesus inverte o entendimento desta lei, pois ele considerou enterrar o talento, como um prejuízo, ainda que o servo não tivesse perdido. Jesus exige no mínimo os juros daquilo que foi emprestado deverá ser devolvido. Sabemos que na parábola talento significa dinheiro, mas o que podemos entender como talento nas nossas vidas?
Talento é tudo aquilo que Deus lhe confiou em suas mãos, o que poderia ser: dons, capacidades, possibilidades, oportunidades e até mesmo dinheiro, pois a Contribuição também é um dom de Deus (cf., Rm. 12:8). Talento é tudo aquilo que Deus nos revela, pode ser a intercessão pela vida de alguém, o cuidado de almas, o crescimento no relacionamento com Deus, a proclamação e testemunho do reino, e etc.
Paulo fala em Romanos 12 que todos nós recebemos diferentes dons, conforme a graça que nos dada. Então ele começa a citar estes dons que são: profecia, ministério, ensino, exortação, contribuição, presidir (governo) e misericórdia. Em I Coríntios 12 ele continua falando sobre outros dons que nos foram dados, ele diz: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dons de curar, operações de milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedades de línguas e interpretação de línguas.
Também em Efésios 4:11, ele diz: Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres. Em I Pedro 4, ele fala sobre sermos hospitaleiros, a servimos conforme o dom que recebemos. Então percebemos que muitos dons e capacidades nos foram confiados, conforme a capacidade de cada um. A Palavra de Deus, sempre nos convida a crescer, frutificar, multiplicar, a seguir para o alvo, então Deus requer de todos a diligência e à aplicação daquilo que Ele nos confiou.
A parábola prossegue dizendo que: "Depois de muito tempo , voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles...". Vemos que no início da parábola foi dito que um "homem" que se ausentou do país, mas quando ele volta é dito que voltou o "senhor" daqueles servos, e este é Jesus, que veio como homem para terra, mas retornará como senhor.
Então ele começa chamando aquele a quem ele deu mais talentos. Conclui-se que no julgamento (Tribunal de Cristo), aqueles que receberam mais responsabilidades serão os primeiros a serem julgados. Vemos que mesmo que foram dadas responsabilidades diferentes para cada um, a gratidão e o elogio que Jesus faz aos servos é a mesma quando ele diz: - Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.
Vemos que aos olhos de Jesus aquilo que ele lhes tinha confiado era pouco comparado ao que eles receberiam. Agora estes dois realmente seriam administradores de coisas grandes, a primeira administração é apenas um teste para a segunda, pois Jesus nos diz na parábola do Administrador Infiel que: Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. (Lc.16.10). Agora estes dois servos administrariam a verdadeira riqueza na qual é incorruptível e não tem fim. Também devemos ressaltar que Jesus não elogiou a quantidade multiplicada, mas sim a fidelidade dos servos.
Será aprovado o servo que for considerado "bom e fiel". Ser bom está relacionado ao que eu faço para Deus, e ser fiel é o que sou para Ele, o meu caráter! Existem os dons do Espírito e o fruto do Espírito. Os dons são ferramentas que o Espírito concede aos seus servos para execução dos seus serviços. Já os frutos vem como resultado da nossa comunhão com Deus, eles mostram o grau de intimidade que temos com o Altíssimo e refletem o que somos! Quer dizer: os dons estão relacionados ao que nós fazemos e os frutos ao que nós somos.
Há também nesta parábola, um paralelo com a Parábola das Minas. Na dos Talentos é dado oito talentos para três servos conforme a capacidade de cada um, na das Minas é dado dez minas para dez servos, ou seja, foram dadas em quantidades iguais para cada um; na dos Talentos a multiplicação foi proporcional àquilo que foi recebido, já nas das Minas a multiplicação foi desproporcional.
Na parábola dos Talentos o servo mau foi castigado, já na das Minas ele não foi castigado. Na parábola dos Talentos a recompensa foi entrar "no gozo, na alegria no seu senhor", já nas das Minas a recompensa foi governar cidades. Na Parábola dos Talentos, não nos é dito a recompensa apenas que "sobre muito ele nos colocará", e diz entra "no gozo no teu senhor", ou seja, na alegria do seu senhor, que certamente é as Bodas do Cordeiro, que será motivo de grande alegria para Jesus.
Fala que o servo mau não entrou no gozo do seu senhor e foi lançado nas trevas. Isto significa que ele perdeu a salvação? Paulo responde isso em I Coríntios 3:12-15 - Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.
Vemos que esta pessoa perdeu seu galardão, sofreu algum tipo de dano, mas foi salva; em Mateus 22 na Parábola das Bodas, fala sobre um dos convidados que foi retirado da festa pois não estava com a veste nupcial e o mesmo foi lançado nas trevas. Poderá ser que ao passar pelo fogo, suas vestes também "não sobreviveram", e o mesmo não pode participar da festa. Mas o que vem a ser estas trevas que eles serão lançados?
Uma das interpretações poderia ser que eles apenas ficariam de fora das Bodas ou também seriam devolvidos a terra onde o AntiCristo estaria reinando e consequentemente teria que enfrentar a grande tribulação. E por que trevas? Pois neste neste tempo o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz (Mt.24.29).
Na parábola das Minas vemos que o servo mau não governou sobre nenhuma cidade. Há duas possibilidades que poderão ocorrer a esse servo. A primeira é que ele não reinará com Cristo, porém permanecerá vivo no Milênio. E a segunda é que ele morrerá e ressuscitará após os mil anos, como o seu nome estará no livro da vida, o mesmo será salvo. A recompensa da parábola das Minas fala sobre o Reino Milenar de Cristo na terra, ele menciona isso também em Apocalipse 2:26 - Ao vencedor, que guardar até o fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações,..
Então prosseguindo na parábola vemos o julgamento do servo que menos recebeu, ele faz a seguinte declaração: "Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu .
Vemos primeiramente que o servo mau, justificou a sua negligência não a ele próprio mas sim devido a seu senhor, ele não culpo a si mesmo, mas ao seu senhor. Da esma forma agiu Adão quando pecou atribuiu metade da culpa a Eva e metade da culpa a Deus, quando ele disse: - A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.(Gn.3:12).
Ou como Saul que em I Samuel 15, quando ele coloca a culpa da desobediência sobre o povo, e mesmo depois de exortado, insistiu em colocar a culpa sobre o povo e na terceira vez quando ele realmente reconheceu seu erro, queria ao menos ser honrado diante dos anciãos e diante de Israel. Saul queria a própria glória e não a de Deus.
O segundo ponto é que este servo achava que conhecia a seu senhor, ele porém possuía um conhecimento errado de Jesus, este servo não buscou conhecer seu senhor para poder receber dele a orientação e os ensinamentos necessários para o seu sucesso, pois a capacidade de administrar os dons espirituais tem alicerce espiritual.
Paulo explica isso em I Coríntios 2.11-12 - Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, "para que conheçamos o que por Deus nos foi dado".
Jesus também faz uma afirmação parecida em João 15.5 - ...Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. A partir dessas afirmações concluímos que a única maneira de frutificarmos e fazermos nossos talentos multiplicarem é buscando conhecer ao SENHOR e permanecer em Cristo.
A parábola prossegue dizendo que este servo achava que seu senhor era tão severo que ceifava onde não tinha semeado e ajuntava onde não tinha espalhado. Ou seja, ele cria que seu senhor iria cobrar e exigir dele até aquilo que ele não tinha dado. Porém vemos que Jesus o senhor da parábola aparentemente parece concordar com a afirmação do servo.
Porém, a verdade é que Jesus usou suas próprias palavras contra ele mesmo, usou a visão que o servo tinha dele contra ele próprio. Ele disse: - ...sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde espalhei ? Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros; e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
Em outras palavras seria como se Jesus tivesse dito: Se, na tua opinião, exijo aquilo que não dei, com muito maior razão exigirei de ti o que te entreguei para obter lucros. Jesus não deixou nem que a falsa visão que este servo tinha a seu respeito, fosse usado como desculpa para sua negligência.
Há uma lei inexorável, tanto na natureza como na graça, que diz: "aquilo que não usamos, perdemos". Aumentamos o que temos pelo uso; ganhamos perdendo. Provérbios 11:24 diz: A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda.
Coloque seu braço numa tipoia e deixe-o ficar assim por alguns meses. No fim verá que perdeu o uso dele. O que faz um lutador campeão ter braços e músculos tão fortes? Todo mundo sabe a resposta. Porque ele os usa treinando e lutando. Ou seja, àquilo que usamos ganhamos (ao que tem se lhe dará), mas se não usarmos perdemos (e ao que não tem até o que lhe será tirado Mt.25.29).
Jesus então menciona uma condição que seria o mínimo que ele poderia ter feito. Jesus diz: - Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros; e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu. Quem são esses banqueiros que Jesus se refere?
Bem primeiro precisamos entender no sentido da parábola. Todos sabemos que ao depositarmos o nosso dinheiro em um banco, os juros daquele dinheiro que lá está nos é devolvido, ou seja, se alguém deixa determinada quantia de dinheiro em um banco, e após um ano, for até esse banco e sacar o valor depositado, verá que a sua renda aumentou devido ao juros que foram acrescidos àquele valor.
Então Jesus disse que se ele tivesse feito isso, o mínimo de lucro que ele teria de volta era os juros sobre àquele valor. Então os banqueiros seriam (a igreja, um grupo, uma comunidade) na qual nós "investiríamos o nosso talento", porém este talento agora seria deles, nosso investimento seria aos banqueiros (ou seja, num lugar aonde há muitos talentos.
E o juros? Os juros seriam parte daquilo que foi multiplicado pelas pessoas em que nós investimos os nossos talentos. Exemplo: Digamos que uma pessoa pague e ajude um missionário a fazer uma viagem para determinado lugar, e em meio a essa viagem esse missionário converte almas, ou ajuda pessoas necessitadas, planta sementes da palavra nos corações das pessoas e etc.
Deus certamente irá recompensar este missionário por aquilo que fez, e o homem que investiu na vida dele receberá parte daquilo que este missionário colheu, esta parte é o juros. Ou seja, esse homem entregou seu talento (dinheiro) ao banqueiro (missionário), o que esse missionário fez foi a utilização do seu próprio talento, mais o do homem que o ajudou nesta viagem, quando ele recebeu do senhor a paga do que havia feito, parte do que ele colheu foi para o homem que pago a sua viagem e isto é o juros que Jesus pediu do servo mau.
Devemos tomar muito cuidado com o pecado da negligência e da omissão, pois em muitas vezes nos atemos apenas nas coisas que nós não devemos fazer, e nos esquecemos de que também temos que fazer coisas, não podemos ficar parados.
Paulo fala em 1Tessalonicenses 5:17 - Orai sem cessar, ou seja, não podemos jamais sequer negar este chamado da vida de oração. Pedro na sua segunda epístola nos convida a reunirmos toda a nossa diligência(IIPe.1.5).
Diligência significa: ativo, zeloso, presteza em fazer algo. Esse é o primeiro passo, após isso ele nos exorta a associarmos com a diligência, a fé, com a fé, a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.(IIPe.1.5-8). Vemos que ele disse que o resultado disso é que não seremos "infrutuosos" nem tampouco "inativos", não seremos servos preguiçosos mas estaremos em constante crescimento.
Podemos também ver outro tipo de servo, nesta parábola Jesus fala sobre o servo inútil, isto ele nos conta em Lucas 17.10 Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer. Jesus disse que não necessidade de agradecer àquilo que nós temos que fazer.
Digamos se alguém foi contratado para varrer o chão, e após ter terminado o seu serviço, este receberá por aquilo que fez, porém nada além disso, seu patrão não lhe dirá: - Muito obrigado por ter varrido o chão!, pois esta era a sua função.
Vemos que nosso chamado é sempre fazermos algo a mais. Na lei romana daquela época era dito que: um cidadão romano poderia exigir de um cidadão dos povos dominados que carregasse para ele uma carga por uma milha. Os judeus é claro, que eram um dos povos dominados, se indignavam com esta lei.
Mas Jesus disse que eles não deviam apenas carregar uma milha, mas sim duas. Jesus disse que se alguém demandar conosco a tirarmos a nossa capa, devemos também deixar a túnica, se alguém ferir a nossa face no lado direito devemos oferecer também o nosso lado esquerdo, ele disse que devemos amar os nossos inimigos, orar pelos que nos perseguem, pois não há recompensa para quem ama somente seus amigos, pois qualquer um pode fazer isso. Não somos chamados para ter um padrão mundano, mas sim divino.
Então vemos que há três tipos de servos, o primeiro é o mau e negligente - Este servo não utiliza os recursos que seu senhor lhe confiou, e isto se deriva pela sua falta de conhecimento de seu senhor, e não conhece seu senhor pois é negligente.
O segundo servo é o inútil - Este servo faz tudo o que lhe foi mandado, mas Jesus já deixa bem explícito,... Porventura, terá de agradecer ao servo porque este fez o que lhe havia ordenado?(Lc.17.9). Ou seja, não espere tal servo que terá reconhecimento diante de Deus, pois fez apenas o que havia sido ordenado para fazer, se contentou em fazer o que todo mundo faz.
E o terceiro é o servo Bom e Fiel - Este servo utiliza aquilo que o seu senhor lhe confiou, ele glorifica a Deus por aquilo que ele multiplicou, pois na Parábola das Minas, em Lucas 19, os servos falam da seguinte maneira: - Senhor a tua mina rendeu tanto. Vemos que eles dizem a "tua" mina, eles aplicam o reconhecimento ao capital e não em suas habilidades, não em si mesmos, são homens gratos. Em outras palavras é como se dissessem: - Senhor o que tu me deu, me fez multiplicar tanto. Esses servos também são os que "andam a segunda milha", não se satisfazem em fazer só o que é de sua obrigação, mas também aquilo é preciso ser feito.
15 - A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro ,um a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu.
16 - O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco.
17 - do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.
18 - Mas o que recebera um , saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19 - Depois de muito tempo , voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles,
20 - Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo : Senhor , confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei.
21 - Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel ; foste fiel no pouco , sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.
22 - E, aproximando-se também o que recebera dois talentos ; disse: Senhor, dois talentos me confiaste ; aqui tens outros dois que Ganhei.
23 - Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.
24 - Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse : Senhor , sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,
25 -receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu .
26 -Respondeu-lhe, porém, o senhor : Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde espalhei ?
27 - Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros; e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
28 - Tirai-lhe , pois, o talento e daí-o ao que tem dez.
29 - Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância ; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30- E o servo inútil,lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.
No início desta parábola vemos Jesus falando novamente a que o reino dos céus é semelhante. Ele começa dizendo que "um homem se ausentou do país e confiou seus bens a seus servos". Ora este homem que se ausentou do país é Jesus que morreu, ressuscitou e retornará para seu reino. Ele continua dizendo que um recebeu cinco talentos, outro dois e outro um, cada um conforme a sua capacidade.
Vemos que existem três níveis dentro do reino de Deus, uns receberam muitos talentos, ou seja, muitas responsabilidades, outros receberam de maneira mediana e outros receberam poucas responsabilidades, no entanto, todos receberam algum talento. Vemos um paralelo pois na parábola dos semeadores são também três níveis de produção, a saber, cem, sessenta e trinta.
Observamos que a cada um foi dado conforme a sua capacidade, ou seja, conforme o que cada poderia administrar para fazer multiplicar. Deus nunca nos dará uma responsabilidade acima da nossa capacidade (ainda que pareça ser). Assim Deus julgará cada um conforme a capacidade de cada um. Vemos que os dois primeiros servos tiveram um rendimento de 100% sobre aquilo que o seu senhor lhes confiou, porém, Deus não cobrará 5 talentos para quem recebeu apenas 1, pois não foi lhe dada esta capacidade.
Assim nos diz Tiago em sua epístola no capítulo 3, versículo 1 - Meus irmãos, não vos torneis muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo. A severidade do juízo não é igual para todos pois nem todos receberam a mesma responsabilidade. Jesus também nos diz em Lucas 12:48 - ...Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.
Deus não pede muito para aquele que recebeu pouco , e nem pouco para aquele que recebeu muito. Deus exigirá de cada um conforme a capacidade que recebeu. Vemos que receber mais ou receber menos, não designa a ninguém grau de importância, como se uns fossem mais e outros menos, mas Deus pela Sua vontade designou uns com mais capacidades do que outros, porém vemos que o tempo e oportunidade é sucedida a todos e não somente aos melhores como pensamos.
Isso quem explica é Salomão em Eclesiastes 9:11 - Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso.
Pensamos, como Salomão também pensava, que só os melhores é que conquistavam coisas, que só os ligeiros conseguiam o prêmio e só os valentes conseguiam a vitória. Porém ele observou que nem sempre era assim, que em muitas vezes o tempo e o acaso faziam que as pessoas conquistassem o prêmio, a vitória, o pão, a riqueza e o favor; e o tempo e o acaso foi algo concedido a todos.
O talento no sentido literal, significava em média 35Kg de ouro ou de prata, um talento significava naquela época ao salário de 20 anos, se fosse em prata a quantia dada o seu valor seria em média a US$60.000,00 dólares, se fosse de ouro seria US$ 1.800.000 dólares, ou seja, mesmo o que recebeu um talento recebeu bastante.
Vemos que o primeiro a sair para negociar foi o que recebera mais, logo após ele foi também negociar o que recebera dois talentos. Porque o que recebera mais foi o primeiro? Pois não somente seus talentos pesavam mais, como também sua consciência, o peso da sua grande responsabilidade o fazia agir de maneira mais diligente e ágil. Da mesma forma o que recebera dois, embora tivesse recebido de maneira mediana, ele também possuía muitas responsabilidades e teria que prestar conta daquilo que recebeu do seu senhor, sua consciência pesava um pouco menos, mais ainda sim ele tinha responsabilidades a exercer.
Mas o foco principal desta parábola se concentra no que recebera menos talentos, pois esta é uma advertência para que não caiamos no mesmo erro. Há muitas revelações, interpretações e aprendizado que podemos extrair deste último servo. A primeira é que ele tinha menos responsabilidades do que os outros, ou seja, sua consciência em relação aos outros pesava um pouco menos, e até mesmo por ele ver como os outros dois servos estavam trabalhando e indo bem nos negócios, pensou que poderia "relaxar" um pouco pois não faria muita diferença a sua contribuição e esforço tendo em vista que a maioria já estava trabalhando. É aquele pensamento que diz: "A minha contribuição não fará tanta diferença assim, pois, o que é um grão de areia no meio do deserto?"
A parábola nos diz que o último servo, abriu uma cova e escondeu o talento do seu senhor. Esconder o talento, significa não utilizá-lo, a Bíblia nos fala que a terra também significa o ser humano, Gênesis 2:7 - Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra..., ou seja, esconder o talento dentro da terra, é esconder o talento dentro de si, é não fazê-lo se manifestar.
Algo interessante é que de acordo com a lei rabínica, o ato de enterrar o dinheiro era considerado a forma mais segura contra o roubo. Se a uma pessoa fosse confiada uma quantia em dinheiro e ela o enterrasse tão logo estivesse em seu poder, ela estaria livre da culpa se algo acontecesse com ele. O oposto era verdade se o dinheiro fosse enrolado em um pano. Nesse caso, a pessoa era responsável por cobrir qualquer perda (prejuízo) incorrida devido a má administração do depósito que lhe foi confiado.
Mas vemos que Jesus inverte o entendimento desta lei, pois ele considerou enterrar o talento, como um prejuízo, ainda que o servo não tivesse perdido. Jesus exige no mínimo os juros daquilo que foi emprestado deverá ser devolvido. Sabemos que na parábola talento significa dinheiro, mas o que podemos entender como talento nas nossas vidas?
Talento é tudo aquilo que Deus lhe confiou em suas mãos, o que poderia ser: dons, capacidades, possibilidades, oportunidades e até mesmo dinheiro, pois a Contribuição também é um dom de Deus (cf., Rm. 12:8). Talento é tudo aquilo que Deus nos revela, pode ser a intercessão pela vida de alguém, o cuidado de almas, o crescimento no relacionamento com Deus, a proclamação e testemunho do reino, e etc.
Paulo fala em Romanos 12 que todos nós recebemos diferentes dons, conforme a graça que nos dada. Então ele começa a citar estes dons que são: profecia, ministério, ensino, exortação, contribuição, presidir (governo) e misericórdia. Em I Coríntios 12 ele continua falando sobre outros dons que nos foram dados, ele diz: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dons de curar, operações de milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedades de línguas e interpretação de línguas.
Também em Efésios 4:11, ele diz: Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres. Em I Pedro 4, ele fala sobre sermos hospitaleiros, a servimos conforme o dom que recebemos. Então percebemos que muitos dons e capacidades nos foram confiados, conforme a capacidade de cada um. A Palavra de Deus, sempre nos convida a crescer, frutificar, multiplicar, a seguir para o alvo, então Deus requer de todos a diligência e à aplicação daquilo que Ele nos confiou.
A parábola prossegue dizendo que: "Depois de muito tempo , voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles...". Vemos que no início da parábola foi dito que um "homem" que se ausentou do país, mas quando ele volta é dito que voltou o "senhor" daqueles servos, e este é Jesus, que veio como homem para terra, mas retornará como senhor.
Então ele começa chamando aquele a quem ele deu mais talentos. Conclui-se que no julgamento (Tribunal de Cristo), aqueles que receberam mais responsabilidades serão os primeiros a serem julgados. Vemos que mesmo que foram dadas responsabilidades diferentes para cada um, a gratidão e o elogio que Jesus faz aos servos é a mesma quando ele diz: - Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.
Vemos que aos olhos de Jesus aquilo que ele lhes tinha confiado era pouco comparado ao que eles receberiam. Agora estes dois realmente seriam administradores de coisas grandes, a primeira administração é apenas um teste para a segunda, pois Jesus nos diz na parábola do Administrador Infiel que: Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. (Lc.16.10). Agora estes dois servos administrariam a verdadeira riqueza na qual é incorruptível e não tem fim. Também devemos ressaltar que Jesus não elogiou a quantidade multiplicada, mas sim a fidelidade dos servos.
Será aprovado o servo que for considerado "bom e fiel". Ser bom está relacionado ao que eu faço para Deus, e ser fiel é o que sou para Ele, o meu caráter! Existem os dons do Espírito e o fruto do Espírito. Os dons são ferramentas que o Espírito concede aos seus servos para execução dos seus serviços. Já os frutos vem como resultado da nossa comunhão com Deus, eles mostram o grau de intimidade que temos com o Altíssimo e refletem o que somos! Quer dizer: os dons estão relacionados ao que nós fazemos e os frutos ao que nós somos.
Há também nesta parábola, um paralelo com a Parábola das Minas. Na dos Talentos é dado oito talentos para três servos conforme a capacidade de cada um, na das Minas é dado dez minas para dez servos, ou seja, foram dadas em quantidades iguais para cada um; na dos Talentos a multiplicação foi proporcional àquilo que foi recebido, já nas das Minas a multiplicação foi desproporcional.
Um talento vale muito muito mais que uma mina, vale sessenta vezes mais, e uma mina é o equivalente a cem dracmas ou denário que é o valor pago por um dia de serviço. Então na parábola dos Talentos eles receberem o valor de vinte anos trabalhados, já nas das Minas eles receberam por 100 dias de trabalho.
Na parábola dos Talentos o servo mau foi castigado, já na das Minas ele não foi castigado. Na parábola dos Talentos a recompensa foi entrar "no gozo, na alegria no seu senhor", já nas das Minas a recompensa foi governar cidades. Na Parábola dos Talentos, não nos é dito a recompensa apenas que "sobre muito ele nos colocará", e diz entra "no gozo no teu senhor", ou seja, na alegria do seu senhor, que certamente é as Bodas do Cordeiro, que será motivo de grande alegria para Jesus.
Fala que o servo mau não entrou no gozo do seu senhor e foi lançado nas trevas. Isto significa que ele perdeu a salvação? Paulo responde isso em I Coríntios 3:12-15 - Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.
Vemos que esta pessoa perdeu seu galardão, sofreu algum tipo de dano, mas foi salva; em Mateus 22 na Parábola das Bodas, fala sobre um dos convidados que foi retirado da festa pois não estava com a veste nupcial e o mesmo foi lançado nas trevas. Poderá ser que ao passar pelo fogo, suas vestes também "não sobreviveram", e o mesmo não pode participar da festa. Mas o que vem a ser estas trevas que eles serão lançados?
Uma das interpretações poderia ser que eles apenas ficariam de fora das Bodas ou também seriam devolvidos a terra onde o AntiCristo estaria reinando e consequentemente teria que enfrentar a grande tribulação. E por que trevas? Pois neste neste tempo o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz (Mt.24.29).
Na parábola das Minas vemos que o servo mau não governou sobre nenhuma cidade. Há duas possibilidades que poderão ocorrer a esse servo. A primeira é que ele não reinará com Cristo, porém permanecerá vivo no Milênio. E a segunda é que ele morrerá e ressuscitará após os mil anos, como o seu nome estará no livro da vida, o mesmo será salvo. A recompensa da parábola das Minas fala sobre o Reino Milenar de Cristo na terra, ele menciona isso também em Apocalipse 2:26 - Ao vencedor, que guardar até o fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações,..
Então prosseguindo na parábola vemos o julgamento do servo que menos recebeu, ele faz a seguinte declaração: "Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu .
Vemos primeiramente que o servo mau, justificou a sua negligência não a ele próprio mas sim devido a seu senhor, ele não culpo a si mesmo, mas ao seu senhor. Da esma forma agiu Adão quando pecou atribuiu metade da culpa a Eva e metade da culpa a Deus, quando ele disse: - A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.(Gn.3:12).
Ou como Saul que em I Samuel 15, quando ele coloca a culpa da desobediência sobre o povo, e mesmo depois de exortado, insistiu em colocar a culpa sobre o povo e na terceira vez quando ele realmente reconheceu seu erro, queria ao menos ser honrado diante dos anciãos e diante de Israel. Saul queria a própria glória e não a de Deus.
O segundo ponto é que este servo achava que conhecia a seu senhor, ele porém possuía um conhecimento errado de Jesus, este servo não buscou conhecer seu senhor para poder receber dele a orientação e os ensinamentos necessários para o seu sucesso, pois a capacidade de administrar os dons espirituais tem alicerce espiritual.
Paulo explica isso em I Coríntios 2.11-12 - Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, "para que conheçamos o que por Deus nos foi dado".
Jesus também faz uma afirmação parecida em João 15.5 - ...Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. A partir dessas afirmações concluímos que a única maneira de frutificarmos e fazermos nossos talentos multiplicarem é buscando conhecer ao SENHOR e permanecer em Cristo.
A parábola prossegue dizendo que este servo achava que seu senhor era tão severo que ceifava onde não tinha semeado e ajuntava onde não tinha espalhado. Ou seja, ele cria que seu senhor iria cobrar e exigir dele até aquilo que ele não tinha dado. Porém vemos que Jesus o senhor da parábola aparentemente parece concordar com a afirmação do servo.
Porém, a verdade é que Jesus usou suas próprias palavras contra ele mesmo, usou a visão que o servo tinha dele contra ele próprio. Ele disse: - ...sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde espalhei ? Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros; e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
Em outras palavras seria como se Jesus tivesse dito: Se, na tua opinião, exijo aquilo que não dei, com muito maior razão exigirei de ti o que te entreguei para obter lucros. Jesus não deixou nem que a falsa visão que este servo tinha a seu respeito, fosse usado como desculpa para sua negligência.
Há uma lei inexorável, tanto na natureza como na graça, que diz: "aquilo que não usamos, perdemos". Aumentamos o que temos pelo uso; ganhamos perdendo. Provérbios 11:24 diz: A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda.
Coloque seu braço numa tipoia e deixe-o ficar assim por alguns meses. No fim verá que perdeu o uso dele. O que faz um lutador campeão ter braços e músculos tão fortes? Todo mundo sabe a resposta. Porque ele os usa treinando e lutando. Ou seja, àquilo que usamos ganhamos (ao que tem se lhe dará), mas se não usarmos perdemos (e ao que não tem até o que lhe será tirado Mt.25.29).
Jesus então menciona uma condição que seria o mínimo que ele poderia ter feito. Jesus diz: - Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros; e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu. Quem são esses banqueiros que Jesus se refere?
Bem primeiro precisamos entender no sentido da parábola. Todos sabemos que ao depositarmos o nosso dinheiro em um banco, os juros daquele dinheiro que lá está nos é devolvido, ou seja, se alguém deixa determinada quantia de dinheiro em um banco, e após um ano, for até esse banco e sacar o valor depositado, verá que a sua renda aumentou devido ao juros que foram acrescidos àquele valor.
Então Jesus disse que se ele tivesse feito isso, o mínimo de lucro que ele teria de volta era os juros sobre àquele valor. Então os banqueiros seriam (a igreja, um grupo, uma comunidade) na qual nós "investiríamos o nosso talento", porém este talento agora seria deles, nosso investimento seria aos banqueiros (ou seja, num lugar aonde há muitos talentos.
E o juros? Os juros seriam parte daquilo que foi multiplicado pelas pessoas em que nós investimos os nossos talentos. Exemplo: Digamos que uma pessoa pague e ajude um missionário a fazer uma viagem para determinado lugar, e em meio a essa viagem esse missionário converte almas, ou ajuda pessoas necessitadas, planta sementes da palavra nos corações das pessoas e etc.
Deus certamente irá recompensar este missionário por aquilo que fez, e o homem que investiu na vida dele receberá parte daquilo que este missionário colheu, esta parte é o juros. Ou seja, esse homem entregou seu talento (dinheiro) ao banqueiro (missionário), o que esse missionário fez foi a utilização do seu próprio talento, mais o do homem que o ajudou nesta viagem, quando ele recebeu do senhor a paga do que havia feito, parte do que ele colheu foi para o homem que pago a sua viagem e isto é o juros que Jesus pediu do servo mau.
Devemos tomar muito cuidado com o pecado da negligência e da omissão, pois em muitas vezes nos atemos apenas nas coisas que nós não devemos fazer, e nos esquecemos de que também temos que fazer coisas, não podemos ficar parados.
Paulo fala em 1Tessalonicenses 5:17 - Orai sem cessar, ou seja, não podemos jamais sequer negar este chamado da vida de oração. Pedro na sua segunda epístola nos convida a reunirmos toda a nossa diligência(IIPe.1.5).
Diligência significa: ativo, zeloso, presteza em fazer algo. Esse é o primeiro passo, após isso ele nos exorta a associarmos com a diligência, a fé, com a fé, a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.(IIPe.1.5-8). Vemos que ele disse que o resultado disso é que não seremos "infrutuosos" nem tampouco "inativos", não seremos servos preguiçosos mas estaremos em constante crescimento.
Podemos também ver outro tipo de servo, nesta parábola Jesus fala sobre o servo inútil, isto ele nos conta em Lucas 17.10 Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer. Jesus disse que não necessidade de agradecer àquilo que nós temos que fazer.
Digamos se alguém foi contratado para varrer o chão, e após ter terminado o seu serviço, este receberá por aquilo que fez, porém nada além disso, seu patrão não lhe dirá: - Muito obrigado por ter varrido o chão!, pois esta era a sua função.
Vemos que nosso chamado é sempre fazermos algo a mais. Na lei romana daquela época era dito que: um cidadão romano poderia exigir de um cidadão dos povos dominados que carregasse para ele uma carga por uma milha. Os judeus é claro, que eram um dos povos dominados, se indignavam com esta lei.
Mas Jesus disse que eles não deviam apenas carregar uma milha, mas sim duas. Jesus disse que se alguém demandar conosco a tirarmos a nossa capa, devemos também deixar a túnica, se alguém ferir a nossa face no lado direito devemos oferecer também o nosso lado esquerdo, ele disse que devemos amar os nossos inimigos, orar pelos que nos perseguem, pois não há recompensa para quem ama somente seus amigos, pois qualquer um pode fazer isso. Não somos chamados para ter um padrão mundano, mas sim divino.
Então vemos que há três tipos de servos, o primeiro é o mau e negligente - Este servo não utiliza os recursos que seu senhor lhe confiou, e isto se deriva pela sua falta de conhecimento de seu senhor, e não conhece seu senhor pois é negligente.
O segundo servo é o inútil - Este servo faz tudo o que lhe foi mandado, mas Jesus já deixa bem explícito,... Porventura, terá de agradecer ao servo porque este fez o que lhe havia ordenado?(Lc.17.9). Ou seja, não espere tal servo que terá reconhecimento diante de Deus, pois fez apenas o que havia sido ordenado para fazer, se contentou em fazer o que todo mundo faz.
E o terceiro é o servo Bom e Fiel - Este servo utiliza aquilo que o seu senhor lhe confiou, ele glorifica a Deus por aquilo que ele multiplicou, pois na Parábola das Minas, em Lucas 19, os servos falam da seguinte maneira: - Senhor a tua mina rendeu tanto. Vemos que eles dizem a "tua" mina, eles aplicam o reconhecimento ao capital e não em suas habilidades, não em si mesmos, são homens gratos. Em outras palavras é como se dissessem: - Senhor o que tu me deu, me fez multiplicar tanto. Esses servos também são os que "andam a segunda milha", não se satisfazem em fazer só o que é de sua obrigação, mas também aquilo é preciso ser feito.
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