terça-feira, 20 de setembro de 2016

Como Posso Ser Feliz? - Aron Moss

Pergunta:

 Sei que devemos sermos sempre felizes, mas quando olho para mim mesmo e minha vida não vejo nenhum motivo para ser feliz. Pelo contrário, tenho todos os motivos para ser infeliz. Eu deveria ser capaz de simplesmente ligar o botão da felicidade quando quisesse?


Resposta:

 Sim, enfrentamos alguns desafios na vida, e sentimentos de desespero são compreensíveis. Mas podemos mudar a nossa situação. A felicidade nunca está além do nosso alcance. Isso porque a felicidade é o estado humano natural. Olhe para uma criança pequena. Crianças não precisam aprender estratégias para viver de modo positivo, e não precisam de um motivo para serem felizes.

 Precisam de um motivo para ficar tristes. Se uma criança chora, perguntamos: “O que há de errado?” Se uma criança ri, brinca e dança pela sala, não perguntamos “Qual o motivo da celebração? Por que está feliz?” Uma criança é feliz por si mesma; se não estão felizes deve haver um motivo, como precisa ser trocada, está com fome ou sede ou cansada, ou precisa de atenção.

 Mas se não houver nada de errado, a criança é feliz sem nenhum motivo. Em alguma parte as coisas mudam. Ficamos mais velhos e nos tornamos mais exigentes, mais difíceis de contentar, e perdemos este contentamento infantil.

 À medida que somos abalados pelos desapontamentos da vida, sentimos que precisamos de um motivo para sermos felizes. Se você vir um adulto caminhando com um grande sorriso, pergunta: “O que há de errado com você, por que está sorrindo?” A diferença é que uma criança não é autoconsciente.

 Elas são livres para serem felizes porque ainda não têm consciência de si mesmas. É somente quando amadurecemos que nos tornamos mais absorvidos em nós mesmos. Temos preocupações, desejos não satisfeitos e sonhos não realizados. Nenhum de nós pode dizer sinceramente que temos tudo, e sempre podemos encontrar motivos para estar aborrecidos.

 Mas uma criança não é incomodada pelo que está “faltando”, portanto ela tem tudo. A falta de autoconsciência a deixa livre para apreciar a vida e ser feliz. Quanto mais nos preocupamos com nossa própria felicidade, mais estamos longe de consegui-la.

 Assim que esquecemos daquilo que precisamos e nos concentramos naquilo para o qual somos necessários – o bem que podemos fazer pelos outros em vez do bem que podemos conseguir para nós mesmos – nossa alegria infantil volta e ficamos felizes.

 Este é o foco da alegria relaxar nossa severidade com nós mesmos e agradecer a Deus pela oportunidade de estar vivo. Mesmo nos tempos mais sombrios, ao nos tornarmos focados na missão em vez de auto-concentrados, podemos acessar nossa alegria interior.

 A felicidade não está em algum lugar lá fora; está no lado de dentro, naquela parte de nós que é para sempre jovem e sempre doadora – nossa alma.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Paixão


 Todo ser humano já testificou por experiência de que é impossível ter um relacionamento firmado no sentimento que nomeamos de "paixão", pois como já vimos, este não possui durabilidade, e um relacionamento só pode ser sustentado por algo contínuo como o amor, que como afirma a Bíblia, ele(o amor) nunca acaba(ICO.13.8).

 O amor envolve também a razão, pois assumimos um compromisso de amar nosso cônjuge sobre quaisquer circunstâncias, já a paixão envolve apenas o sentimento sem ligação nenhuma com a razão.

 Creio que todo ser humano desejaria ter um relacionamento em que a paixão estivesse acesa em todo o momento, mas realmente isto é impossível. Creio que isto seja até mesmo predeterminado por Deus.

 Pode até mesmo haver o caso de alguém já comprometido, vier a se apaixonar por outra pessoa; se esta se utilizar da razão saberá que está errada, ainda que seus sentimentos a obriguem a agir ao contrário da lei do amor, esta saberá também por intermédio da razão que: "assim como a paixão foi embora com seu cônjuge, assim também acontecerá com esta".

 Quando a paixão atua, o coração é inflamado e produz uma ardência muito forte, de modo que a razão perde totalmente o controle de comando, submetendo-se aos sinais que a paixão lhe transmite.

 A paixão é para um relacionamento, o que um par de rodinhas é para quem irá aprender a andar de bicicleta. As rodinhas são úteis e necessárias para que aprendamos a andar de bicicleta, mas não podemos esperar viver sempre com as rodinhas, elas são um meio para que passemos a um nível superior que é: andar sobre duas rodas.

 As rodinhas facilitam o andar de bicicleta para quem recém começou e da mesma forma a paixão facilita a iniciação de um relacionamento, mas não podemos esperar estar sempre apaixonados, pois a paixão se estabiliza no amor, este é o "andar sobre duas rodas".

 Conclui-se então que a paixão é útil e proveitosa para a iniciação de um relacionamento, porém o alvo dela é nos direcionar há algo mais sustentável que é o amor.

Frase - C. S. Lewis (1898 - 1963)


sábado, 2 de julho de 2016

Os Oito Níveis de Caridade

Há oito níveis de caridade, cada qual mais elevado que o seguinte.
 1.O nível mais alto, acima do qual não existe outro, é apoiar um irmão com um presente ou empréstimo, ou fazer uma sociedade com ele, encontrar emprego para ele, a fim de fortalecer sua mão até que não precise mais ser dependente de outros.
 2.Um nível abaixo em caridade é dar aos pobres sem saber para quem está doando, e sem que o receptor saiba de quem recebeu. Isso é cumprir um mandamento apenas em prol do céu. É como o “fundo anônimo” que havia no Templo Sagrado [em Jerusalém]. Ali os justos doavam em segredo, e os pobres bons lucravam em segredo. Doar a um fundo de caridade é semelhante a este modo, embora não se deva contribuir para um fundo de caridade a menos que se saiba que a pessoa designada para cuidar do fundo é confiável e sábia, além de bom administrador.

 3.Um nível abaixo desse é quando alguém sabe para quem está doando, mas o receptor não conhece seu benfeitor. Os Sábios mais notáveis costumavam caminhar em segredo e colocar moedas nas portas dos pobres. É realmente valioso e bom fazer isto, se aqueles que deveriam ser os responsáveis por distribuir caridade não são merecedores de confiança.

 4.Um nível abaixo que esse é quando a pessoa não sabe para quem está doando, mas o pobre conhece seu benfeitor. Os Sábios costumavam atar moedas em suas túnicas e atirá-las por trás das costas, e os pobres iam apanhá-las nas costas das túnicas, para que não ficassem envergonhados.

 5.Um nível abaixo é quando alguém dá diretamente ao pobre, na sua mão, mas dá antes que lhe seja pedido.

 6.Um nível abaixo é quando alguém dá ao pobre após ter sido pedido.

 7.Um nível abaixo é quando alguém dá de maneira inadequada, mas alegre e com um sorriso.

 8.Um nível abaixo é quando alguém dá de má vontade.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Luz e Trevas


  A fala, é a ferramenta mais eficaz que pode ser usada para curar os males psicológicos de alguém. Por outro lado, notamos também que há situações nas quais o silêncio é mais conveniente. O ato da articulação traz sentimentos e emoções, que de outra forma permaneceriam enterrados no subconsciente, à luz da mente consciente. Entretanto, não é fácil fazer o subconsciente falar, e um cuidado especial deve ser tomado ao persuadi-lo a revelar seus segredos.

 Caso contrário, os efeitos de fazê-lo podem ser prejudiciais ao invés de salutares. No simbolismo da Bíblia, a mente subconsciente é considerada trevas - e a mente consciente, luz. Dessa maneira, aprendemos que no início, a terra não estava formada, havia um vácuo, e escuridão estava sobre a face do abismo. O espírito de Deus pairou sobre as águas. "E Deus disse: Que haja luz! E houve a luz" (Gênesis 1:2-3). A terra simboliza a alma do homem ao descer para penetrar e dar vida ao corpo. (Em sua forma incorpórea, pura, é simbolizada pelo céu.)

 As três descrições da terra primordial, amorfa, vazia e escura simbolizam os três componentes da mente subconsciente: fé, deleite e vontade. O espírito de Deus pairando sobre as águas simboliza o nível intermediário de consciência entre a mente subconsciente e consciente (no jargão da psicologia, a pré-consciência), que paira entre a obscuridade do subconsciente e a revelação da mente consciente. A revelação dos segredos da mente subconsciente são revelados pela fala "E Deus disse: Que haja luz."

 O propósito do serviço Divino em terapia geral, e psicológica em particular, é possibilitar que a luz da consciência brilhe mais e mais sobre as trevas do subconsciente. E quanto mais os segredos ocultos das regiões escuras da mente forem trazidos à luz, mais poderão ser elevados à esfera da santidade. Quanto maior o sucesso que a pessoa tiver em expor e retificar seu lado mais tenebroso, menos será incomodada por pensamentos invasivos e ânsias que emergem involuntariamente.

 Libertado pelo mal, o bem criativo no homem pode brilhar e imprimir sua expressão singular de Divindade sobre a realidade, com perfeita eficácia. No simbolismo da Bíblia, as ânsias primitivas da mente subconsciente que temporariamente atrasam a psique são simbolizados pelas sete nações pagãs canaanitas que ocupavam a terra de Israel antes que o povo judeu lá chegasse. A nação judaica recebe ordens de desenraizar estas nações e suas culturas idólatras da Terra Santa; isso simboliza a erradicação do mal da psique através dos meios terapêuticos que estamos descrevendo.

 No conflito entre luz e trevas, a luz, por sua própria natureza, sai vencedora. Um pouco de luz dispersa muito da escuridão. Uma grande quantidade de luz consegue muito mais; dispersa completamente as trevas e toma seu lugar, como o sucessor de direito na mente da pessoa.

 A dualidade da luz e das trevas na psique do homem é mencionada na visão profética da carruagem Divina, como foi testemunhada pelo profeta Ezequiel. Esta visão, que compreende o primeiro capítulo do livro escrito pelo profeta, é considerada a passagem mais obscura e mística da Bíblia. Nele, Ezequiel (1:4) descreve como os céus se abriram, e "tive visões de Deus."

E eu vi, e veja, um vento tempestuoso veio do norte, uma grande nuvem, e um fogo chamejante, e um brilho ao seu redor, e do meio disso, fora do meio do fogo, havia algo como o "chashmal".

 A palavra chashmal aparece na Bíblia apenas no contexto desta visão e é tradicionalmente entendida como um tipo de luz ou energia, que é também personificada como um tipo especial de anjo. A palavra é tomada como sendo uma composição das palavras para silente (chash) e falar (mal); estes anjos, portanto, são descritos como silentes, falando às vezes.

Dessa maneira, esta interacão dinâmica entre silêncio e fala é parte integral do processo da revelação Divina, e o correto uso da fala é essencial para a cura das partes enfermas da alma.

Frase - C. S. Lewis (1898 - 1963)


terça-feira, 24 de maio de 2016

O Cachorro e a Lebre

 "Havia num certo lugar caçadores, que dispunham de cães de caça para caçar lebres. Num certo dia, uma lebre passa correndo por entre os arbustos, e um dos cães avistando-a, sai em disparada atrás da lebre. No que ele sai correndo, ele começa a latir para que os outros cães pudessem segui-lo ao encontro da lebre.

 Os caçadores ao ouvirem os latidos, saíram correndo atrás dos cães para acompanhá-los na caçada. No meio do percurso, os caçadores começaram a observar que os cães foram desistindo um por um, porém perceberam que o primeiro cachorro continuava, com seus latidos bem distantes, perseguindo e correndo atrás da lebre."

 Esta história nos traz a seguinte objeção. Porque o primeiro cachorro continuou atrás da lebre e os outros desistiram? Porque o primeiro cachorro estava vendo a lebre, já os outros sabiam que a lebre existia, porém baseados no avisos do primeiro cachorro. 

 Isto retrata a nossa caminhada e vida cristã, desde o início até o fim. Todos aqueles que desistiram no meio do caminho em quererem parar de buscar a Deus, ou seja, "perseguir a lebre". São aqueles que estavam apenas ouvindo os "latidos de outros", se baseavam em Deus apenas no que outras pessoas falavam sobre Ele, porém elas mesmas nunca O viram.

 Esses certamente desistem de buscar a Deus. Esta história nos mostra que precisamos ter um visão de Deus, precisamos contemplá-Lo, isto é o que nos fortalecerá para continuarmos O buscando.

O Que é Fé? - Tzvi Freeman


O que é
 Estamos acostumados a pensar na fé como uma estratégia para pessoas que não podem pensar por si mesmas. “O tolo acredita em tudo”, escreve Salomão, “o homem sábio entende.”

 Fé, porém, é uma convicção inata, uma percepção da verdade que transcende, e não foge, à razão. Bem ao contrário, sabedoria, compreensão e conhecimento podem ampliar a verdadeira fé.

 Mesmo assim, a fé não é baseada na razão. A razão nunca pode atingir a certeza da fé, pois, razoavelmente falando, um raciocínio maior poderia sempre vir junto e provar que suas razões estão erradas.

 Dessa maneira, a fé é semelhante a ver em primeira mão: a razão pode ajudar você a entender melhor aquilo que vê, mas eu terei dificuldade para convencê-lo que você nunca viu aquilo. Portanto também, a fé perdura mesmo quando a razão não pode alcançar.
Como testá-la
 Falando praticamente, uma pessoa pode ter fé porque não está interessada ou é incapaz de raciocinar por si mesma. Portanto, sua fé não pertence a ela: está simplesmente confiando em outros. Quando alguém tem uma profunda fé em qualquer verdade, sente que essa verdade é parte de sua própria essência e seu ser.

 O teste de tornassol seria um caso de martírio. Uma pessoa com fé sub-racional pode ou não decidir dar a própria vida por esta fé. Uma pessoa com fé supra-racional não vê escolha – negar sua fé é negar a quintessência de seu ser.
Como chegar lá
 Como dissemos, a fé é inata, porém pode ser aumentada através de estudo, experiência e razão. Sem este alimento, a fé de uma pessoa pode permanecer divorciada de sua atitude e ações. Um ladrão também acredita em Deus: quando está para fazer uma entrada forçada, a ponto de arriscar sua vida - e a vida de sua vítima – ele grita com toda a sinceridade: “Deus me ajude!”

 O ladrão tem fé que há um Deus que ouve seus gritos, porém não entende que Deus pode ser capaz de prover para ele sem exigir que descumpra a vontade de Deus ao roubar dos outros. Para a fé afetá-lo dessa maneira ele precisa de estudo e contemplação.

 Porém a maior vitamina que você pode proporcionar à fé é o simples exercício. De fato, um artesão é alguém exímio naquilo que faz – porque praticou sua arte repetidamente até se tornar natural para ele.

 Assim também, a fé fica mais alta e mais profunda à medida que você se acostuma a ver todos os fenômenos da vida como manifestações da presença e glória do Criador. E ainda mais, a fé é enriquecida por ser testada e passar pelos testes; e por fazer sacrifícios na vida em prol da sua fé.

Vamos Deixar Claro


Você pode comprar um livro, mas não o conhecimento.
Você pode comprar uma posição social, mas não compra o respeito dos outros.
Você pode subornar e comprar pessoas, mas não consegue fazê-las amigas.
Você compra facilmente um relógio, mas não o tempo.
Você compra e constrói uma casa, mas depende de muito esforço até que seja um lar.
Você compra o colchão mais caro, mas não o sono tranquilo.
Você compra comida em qualquer lugar, mas o verdadeiro apetite depende de muitos fatores.
Você compra os melhores remédios que a medicina oferece, mas só Deus retornará sua saúde.
Você consegue uma transfusão de sangue, mas não a vida.
Você consegue comprar algumas coisas na vida, mas a vida mesmo quem tem para te dar é somente Deus.

Frase - C. S. Lewis (1898 - 1963)


sábado, 14 de maio de 2016

Cristo no Antigo Testamento - Encontro de Jacó e Esaú

 Em Gênesis 32, Jacó envia presentes a Esaú, antes que este viesse ao seu encontro. Pois Jacó sabia que seu irmão certamente estaria buscando vingança, pelo fato de Jacó o ter enganado.

 Cristo é o nosso presente enviado a Deus, pois sabemos que Ele um dia voltará para a terra em busca de vingança e juízo pelas nossas afrontas a Sua santidade.

 Porém esta ira foi aplacada em Cristo e seu furor desviado. Por meio de Cristo podemos, como Jacó, nos achegar a presença de Deus e nos prostramos e Ele nos aceitará na Sua presença.

Frase - C. S. Lewis (1898 - 1963)


Até um ateu vê e diz que é grotesco! - Josemar Bessa


Salmo 14: 1 -  Diz o néscio no seu coração: "Deus não existe". 

 Mas ainda mais insensato é acreditar em um Deus que você constrói de acordo com os seus próprios gostos e preferências. Como é comum ouvir pessoas que se dizem cristãs falarem: “Eu penso que Deus não pode... eu não posso conceber um Deus que... o Deus que eu creio tem que ser...”

 Aqui está um parágrafo do senso comum refrescante do famoso escritor inglês e ateu,  Julian Barnes:

“Uma resposta comum em inquéritos sobre as atitudes religiosas é dizer algo como: ‘Eu não vou à igreja, mas eu tenho a minha própria ideia pessoal de Deus.’” Este tipo de declaração, por sua vez, me faz reagir como um filósofo estupefato. Na verdade, eu choro.

 Você pode ter a sua própria ideia pessoal de Deus, mas que ideia pessoal esse suposto Deus tem de você? Porque isso é o que importa se há um Deus. Se existe um Deus, Ele não pode ser concebido por tua mente... e a mente dele tem que ter uma ideia pessoal de você... e se Ele é Deus, é isso que importa.

 Se  Ele é um homem velho de barba branca sentado no céu, ou uma força de vida, ou uma força motriz desinteressada, ou um relojoeiro, ou uma força moral nebulosa, o que conta é o que Ele é  - O que você pensa dele não importa, mas o que Ele pensa de você, ou Ele se torna mera criação de tua mente.”

 Você vê? Mesmo um ateu pode ver que a noção de redefinir a divindade em algo que funciona para você é completamente grotesco.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Deus Quebra as Regras? - Tzvi Freeman


Pergunta:
 Eis aqui uma questão que tem me incomodado bastante há muito tempo. O mundo funciona através das leis de causa e efeito e das leis da natureza. Se é assim, como Deus “coloca o pé na porta” neste mundo? Deus supera as leis de causa e efeito e as leis da natureza, ou de certa forma Ele manipula essas leis para impor Sua vontade?
Resposta:
 Deus não “se mistura” nos assuntos do mundo porque não há nada em que se misturar. Tudo nada mais é que uma extensão de Seu auto-saber, “o Conhecedor, o Conhecimento e o Conhecer são todos um”. Se Deus escolhe conhecer o universo de uma maneira, é assim que deve ser. Se souber de outra maneira, será desta maneira.
 É difícil entendermos isto porque todos os nossos atos são dentro e sobre um mundo que estava aqui antes de nós, sobrevive depois de nós, e é inteiramente indiferente à nossa opinião de como as coisas deveriam ser.
 O sol nasce a leste independentemente de nossa preferência pelo local onde está a janela do quarto. Os pais são mais velhos que seus filhos, apesar da maneira pela qual o filho vê as coisas. Um mais um sempre resulta dois, não importa se nosso contador gosta que seja assim ou não.
 Não fazemos as regras, somente julgamos o jogo dentro delas. Mas para o Criador, tudo poderia ser muito bem Sua fantasia e Ele pode fantasiar como quiser. Nesse caso, um milagre para Deus é mais simples que a natureza. Governar a natureza significa simplesmente trancar-Se em regras consistentes.
 Um milagre significa quebrar as regras e improvisar um pouco. Deus criou um mundo tão maravilhoso, com tamanha consistência, que aqueles que desejam mantê-Lo fora de suas vidas podem acreditar que Ele não existe. Apesar disso, pelo bem daqueles que procuram firmemente a verdade, Ele atira um pouco de brilho de vez em quando, espreitando sorrateiramente por detrás do biombo.
 Vou lhe dar um exemplo. Num glorioso dia de verão, enquanto eu estava passeando, parei perto de um prédio e ouvi música de piano lá dentro. Pensei comigo mesmo: “Aqui ninguém toca piano. Deve ser uma gravação.” Mas então ouvi um pouco mais e algo me deu a impressão de que era um piano ao vivo.
 Decidi portanto ficar mais um pouco e esperar. Então ouvi aquilo que estava esperando. O pianista fez um erro na música, corrigiu-o, e então continuou. Agora, através de uma inconsistência, eu sabia que havia um músico. Da mesma maneira, desde que Deus siga a música que Ele escreveu – aquelas “grandes cordas de ritmos pelo universo”, como descreve Richard Feynman – podemos nos enganar para crer que há somente música, sem um músico.
 Portanto de vez em quando Ele faz uma improvisação, alguma inconsistência na forma que chamamos de milagre. E então sabemos que há um Pianista tocando este imenso piano e dirigindo uma orquestra. Deus quebra as regras? Deus e Nós.

Frase - C. S. Lewis (1898 - 1963)


segunda-feira, 9 de maio de 2016

Um Antídoto para o Desespero - Chana Weisberg


Quando você se sente envolvido num poço fundo e escuro de desespero, quando seu coração se sente partido em mil pedaços, quando você simplesmente não consegue mais lutar contra os dolorosos desafios nem mais um só momento.Você simplesmente poderia não ter de fazê-lo. Seu momento seguinte pode ser totalmente diferente do seu momento atual.

 O filósofo Kierkgaard, que semeou as raízes da psicologia existencial, escreveu de maneira eloquente: “Um ser, a todo instante em que existe, está no processo de tornar-se, pois o ser… é somente aquilo que vai se tornar.”. E apesar disso, a fonte de grande parte de nosso sofrimento é que vemos nossas vidas de maneira limitada, como uma foto instantânea, acreditando que aquilo que temos agora representa como fomos e como seremos.

 Porém tudo em nosso mundo continua num estado de fluxo. A cada momento há uma enorme mudança. A mudança pode ocorrer tão levemente que chega a ser imperceptível aos nossos olhos e mente, mas está ocorrendo. A mudança é incessante. Um vaso ou um móvel muda a todo momento, mesmo que pareça permanente.

 Perde a cor e se torna antigo, não de repente, mas momento a momento. Isso é verdadeiro sobre objetos inanimados, e se aplica ainda mais à dinâmica física, psicológica e espiritual. A célula típica de nosso corpo morre após 100 dias ou algo equivalente, a cada segundo, 2.5 milhões de células sanguíneas nascem, e no mesmo segundo morre uma quantidade correspondente.

 Este ciclo de nascimento e morte ocorre constantemente. Nas palavras de Rollo May: “A personalidade pode ser entendida somente como a vemos numa trajetória rumo ao seu futuro; um homem pode entender a si mesmo somente à medida que se projeta para a frente. Este é o corolário do fato de que a pessoa está sempre se tornando, sempre emergindo, no futuro. O ser deve ser visto em sua potencialidade.” 

Alguns desafios não vêm e vão, mas continuam a nos afligir durante toda a nossa vida. Porém, mesmo então, um novo conjunto de circunstâncias está constantemente sendo concebido e formado, criando o processo de mudança.

 William James escreve: “A grama do lado de fora da janela agora me parece do mesmo verde quando está ao sol ou na sombra, e mesmo assim um pintor teria de pintar uma parte em marrom escuro, outra em amarelo brilhante para dar seu verdadeiro efeito sensacional. Não consideramos, como uma regra, a maneira pela qual as mesmas coisas se parecem e soam e cheiram a distâncias diferentes e sob diferentes circunstâncias. “O mesmo objeto não pode facilmente nos dar a mesma sensação outra vez… Cada pensamento que temos sobre um determinado fato é, estritamente falando, único e somente tem uma semelhança pequena com nossos outros pensamentos sobre o mesmo fato. Quando o fato idêntico se repete, devemos pensar sobre ele de maneira nova, vê-lo sob um ângulo um tanto diferente, e apreendê-lo em relações diferentes daquelas nas quais apareceu da última vez.”

 Em uma das narrativas mais comoventes de esperança emergindo de dentro daquela escuridão avassaladora, a Bíblia registra a primeira troca de palavras entre Deus e Moisés. O povo judeu tinha passado pela mais severa degradação sob a tirania dos seus opressores egípcios.

 Deus ordena a Moisés que revele que Ele irá libertá-los do cativeiro. Moisés responde perguntando o que deveria dizer em nome de Deus. Moisés estava pedindo uma mensagem de consolo e esperança para levar a um povo alquebrado cujo Deus aparentemente os tinha abandonado durante as últimas décadas, deixando de ouvir seus gemidos angustiados.

 Deus responde de maneira elusiva. Moisés deveria transmitir aos escravos judeus que o nome de Deus é “Eu serei aquele que serei.” Por algum tempo, a escravidão se tornou pior depois da mensagem de esperança de Moisés. Embora as sementes da redenção estivessem semeadas, sob a perspectiva do povo, nada tinha mudado.

 E mesmo assim, a situação estava mudando dramaticamente. Talvez a mensagem de Deus ao povo extraviado seja a mensagem de Deus para nós, em nossos momentos de angústia, que podemos conectar a Divindade com “Eu serei aquele que serei” – o poder de ser.

 Somente quando somos capazes de perceber que ser é inseparável de tornar-se, podemos nos libertar das amarras da servidão às nossas ansiedades e hábitos que nos derrotam. O presente é apenas aquilo que trouxemos de nosso passado, e aquilo que usaremos para forjar nossos futuros imediatos.

 Trazer esta verdade à nossa consciência pode nos ajudar a encontrar consolo à medida que encontramos as provações no tempo presente de nossa vida. Portanto, quando as trevas parecem avassaladoras, quando a monotonia entediante está levando você ao limite da insanidade, encontre conforto na percepção de que nada em nosso mundo permanece estático.

 Não os nossos desafios atuais. Não quem nós somos. Você, sua vida e as circunstâncias são uma parte integrante do labirinto do plano cósmico de Deus, emergindo de novo a todo instante. Não existe o estático “ser”. Há somente aquilo que fomos – e mais importante, aquilo que escolhemos nos tornar.

Frase - C. S. Lewis (1898 - 1963)


sábado, 7 de maio de 2016

Como Deus Decide o que é Certo e Errado? - Tzvi Freeman

Pergunta:

 Gostaria de saber sua opinião sobre aquele diálogo de Platão no qual Sócrates argumenta (com Euthyfro, creio) que os atos morais não são morais porque os deuses os amam, mas sim que os deuses amam os atos morais porque eles são morais (a discussão em si era sobre piedade). A filosofia contemporânea adotou a opinião de Sócrates.

 Porém, eu creio que a opinião da Bíblia – se é que entendi corretamente – é que Sócrates a entendeu ao contrário: o que torna o roubo etc. errado não é uma qualidade intrínseca no ato que nós, bem como Deus, podemos perceber. O que torna o roubo errado é que ele desagrada a Deus (ou que Deus decidiu que não deseja que roubemos).

Resposta:

 O ponto crucial neste caso é que para Platão e Sócrates, as coisas são como são porque elas devem ser dessa maneira. O tempo e a matéria são entidades necessárias. Os princípios da geometria euclidiana são “verdades auto-aparentes” que não poderiam ser de outra forma. Essa noção percorre toda a Filosofia Grega.

 E talvez seja o ponto principal de divergência com o pensamento bíblico. O Deus das Escrituras tem livre arbítrio. Ele escolheu tempo e espaço. Porém, Ele poderia da mesma forma ter escolhido inteiramente outros parâmetros. De maneira alguma podemos compreender o que aqueles parâmetros poderiam ser, pois Ele não os escolheu e portanto eles jamais vieram a existir, nem sequer em conceito.

 Porém, não há nada obrigatório sobre o tempo e o espaço em particular, ou sobre a maneira de eles funcionarem, que obrigue o Criador a criá-los. E o mesmo ocorre com as leis da lógica, causalidade, geometria, e sim, ética. Este é verdadeiramente o conceito por trás do primeiro versículo da Bíblia, “No princípio Deus criou os céus e a terra.”

 Como você sabe, na Septuaginta, (a antiga tradução grega da Bíblia), Deus faz céu e terra – porque os gregos simplesmente não tinham uma palavra para criação a partir do nada. A ideia para eles era mais que absurda – nem sequer estava no léxico. E ainda há mais: A forma ativa do verbo (Deus criou – não “céu e terra vieram a existir”) implica que esse foi um ato voluntário.

 Na verdade, quando o ato da Criação é descrito como se Deus desejasse criar , pois de certa forma nada tinha de ser criado. Mas Ele criou, portanto estamos aqui. A arrebatadora inclusão de “céu e terra” também tem implicações de peso. O céu geralmente é entendido na mitologia como a fonte de nossa existência aqui neste mundo.

 A maneira pela qual os deuses estão lá em cima é culpada por estarmos aqui em baixo. Porém, na Bíblia nada precede a nossa existência. Deus, que não pode realmente ser chamado de “uma existência”, deu origem a tudo a partir do vazio. Nada precede nossa existência, nem mesmo a ausência dela – pois não havia tempo segundo quase todos os estudiosos clássicos das Escrituras.

 Portanto não houve o antes. Ao criar nossa existência, Deus cria também a ausência dela – o que significa que também poderia não ser. Portanto, o Deus da Bíblia não pode ser chamado corretamente de uma “Causa Primordial”, pois isso implicaria um efeito necessário em consequência da causa.

 A existência do universo não tem causa. Não havia um potencial para um mundo existir precedendo-o. Nada. E assim, poderia ser feito de qualquer maneira que Ele quisesse que fosse feito.

Ética Desnecessária

 Quanto ao assunto que você abordou, a ética. Se o cosmo fosse uma existência necessária, tanto em matéria quanto em forma, a pessoa teria de concluir que a ética necessária para sustentar este cosmo também é necessária. A questão de por que existe o mal no mundo teria de ser desconsiderada, presumindo que isso também é algo necessário, como um artefato da matéria da qual o mundo foi feito, ou alguma outra explicação semelhante.

 Porém, é assim que os eruditos colocaram este ponto num antigo estudo de Gênesis: No despertar da Criação do mundo, Deus contemplou os atos dos justos e os atos dos perversos… “E o mundo era caos e vácuo” (Gênesis 1:2) – estes são os atos dos perversos. “E Deus disse: ‘Que haja luz.’ (versículo 3) – estes são os atos dos justos. Porém, eu ainda não sei qual deles Ele deseja… Então, ao declarar ‘E Deus viu a luz, que é boa’ (versículo 4), eu sei que Ele deseja os atos dos justos, e não deseja os atos dos perversos. 

 Esta analogia está dizendo: No primeiro dia da Criação, Deus disse que deveria haver luz. Porém, havia também trevas, caos e vazio. Então a Bíblia nos relata que Deus chamou a luz de dia e a escuridão Ele chamou de noite. Muitos interpretam luz e escuridão num sentido mais amplo.

 À essa altura, já existem duas opções: os atos dos justos e os atos dos perversos. E nesse ponto, não há como saber qual deles Deus deseja. Não há nada intrínseco sobre o bem ou sobre Deus dizendo que deve escolher o bem. O Livro de Jó declara: “Se você pecar, como O afeta? Se suas transgressões se multiplicarem, o que você faz a Ele? Se você age corretamente, o que deu a Ele? O que poderia Ele receber de sua mão?”(Jó 35.5-7)

 Então, a história em Gênesis continua e diz: “E Deus viu a luz, que era boa.” Portanto agora sabemos que Deus preferiu desejar os atos dos justos. Porém, Deus não teve de escolher entre bem e mal. Ele poderia ter escolhido violência, roubo e todos os outros elementos destrutivos. 

 Mais significativamente, Ele poderia ter escolhido que o bem e o mal permanecessem em constante conflito. Deus poderia ter decidido que a escuridão forma um belo cenário para a luz, e que o mal também é um bom pano de fundo para o bem. E Ele poderia simplesmente ter desejado que as coisas continuassem daquela maneira, eternamente. Ele não o fez – mas a opção estava lá.

Tolerar o Mal

 Esta é a melhor explicação que eu conheço para o grande dilema do mal; como Deus criou “os céus e a terra,” e como Ele escolhe o bem e não o mal, então como o mal jamais veio a existir? Como pode ser que algo oposto à Sua vontade fosse derivado de Sua vontade? Uma vez que acreditamos em criação, incluindo, o próprio material do qual tudo é feito, não há ninguém nem nada a culpar pelo mal.

 Tudo vem d’Ele. Se Deus odiasse o mal porque este se opõe a Ele em essência, este dilema seria intransponível. Uma vez que dizemos que Ele escolheu odiar o mal, o assunto é descartado. Pelo contrário, aquela mesma escolha de odiar o mal é a suprema fonte que traz o mal à existência por implicação. Afinal, não se pode odiar algo que não existe.

 Portanto o mal existe para que Deus pudesse desprezá-lo. Ou melhor, existe por causa do desprezo que Deus tem por ele. Toda história escrita tem um antagonista. Todo jogo apresenta um desafio. E Deus criou o mal. Como declarou o Profeta Isaías com toda a clareza: “Ele forma luz e cria escuridão, faz a paz e cria o mal” (Isaías 45:5). Sua vontade cria o bem e seu desdém cria o mal.

 Quando Jeremias testemunhou a destruição de Jerusalém e do Templo, ele gritou: “Onde está Sua percepção? Onde está Sua força? Os idólatras estão dançando em Seu Templo e Ele fica em silêncio!” Deus não é forçado a agir contra o mal, pois a própria existência do mal é por Sua opção. Ele pode se afastar (figurativamente, é claro, pois nós O entendemos como um Ser eminente e transcendente) e assistir ao desenrolar do drama.

Seu Livre Arbítro e o Nosso

 Isso explica nosso âmbito do livre arbítrio: Como o bem e o mal existem pela vontade de Seu Criador, assim também são acionados pela vontade. Em outras palavras, nós, os atores neste drama, escolhemos o caminho de nosso drama, na direção do bem ou do mal, assim como o Autor escolheu que estes caminhos devem existir em primeiro lugar. Os ciclos da natureza, os caminhos das estrelas, as leis do movimento, etc – em todos esses ( na maior parte da nossa vida diária), não temos escolha.

 Somente em questões de escolher entre o bem e o mal é que temos uma opção. Não podemos fazer a primavera chegar antes do inverno, nem fazer os filhos mais velhos que os pais, ou fazer com que um mais um totalize cinco. Porém, podemos decidir não tratar mal o sujeito que trabalha na outra sala, ou doar algum dinheiro a mais para uma boa causa. Como diz uma frase: “Tudo está nas mãos do Céu, exceto o temor ao Céu.”

 Mas Deus também tem livre arbítrio em determinar estas leis e padrões? Como Deus é um agente livre em todas as coisas, também deveríamos ser! Primeiro Deus escolheu o que seria o bem e o que seria o mal, e a dinâmica entre eles. Uma vez isso estabelecido, todas as coisas foram projetadas como pano de fundo para este drama. Como o drama já tinha sido escrito, o pano de fundo somente poderia ser projetado de uma maneira. Não havia opção. Portanto nós, também, não temos escolha nestes assuntos.

Ódio Absoluto

 Um último ponto: a pessoa pode tomar um caminho errado sob a influência da discussão acima, presumindo que como Deus escolheu odiar o mal, este não importa realmente tanto para Ele, pois Ele sempre poderia dar meia volta e mudar de ideia. Na verdade, o oposto é verdadeiro. Quando algo é odiado por algum motivo, o grau de ódio é proporcional ao mérito daquele motivo.

 Mas quando, sem nada que force uma ou outra maneira, Deus escolhe a luz e não as trevas, esta é uma opção vinda da própria essência de Deus. É, portanto, completamente obrigatória. Deus pode nos perdoar por escolher o mal, pois Ele está acima do drama. Porém Ele não perdoa o mal em si. Afinal, foi isso que Ele escolheu: que Ele odiará o mal com um ódio consumado, e por fim o terá destruído – que seja antes do que possamos imaginar.

domingo, 24 de abril de 2016

Frase - C. S. Lewis (1898 - 1963)


Psicologia do Espelho


 A maneira mais certa de aferir o sucesso de alguém no processo do auto refinamento é observar o comportamento do cônjuge para com ele. Tanto consciente como inconscientemente, o cônjuge sente a pureza de seus motivos e reage de acordo, tanto intencional como instintivamente. Num sentido mais amplo, isto é verdade a respeito de todos os relacionamentos inter-pessoais.

 "Como [olhando para] a água, a face reflete a face, assim o coração de alguém acha seu reflexo em outro" (Provérbios 27:19)." Dessa maneira, em concordância coma natureza e extensão do envolvimento de alguém com outra pessoa, pode-se medir o auto-refinamento de alguém pelo modo como é tratado. Como o casamento é a forma mais intensa de relacionamento inter-pessoal, este princípio aplica-se primeiramente à vida conjugal.

 É aqui que a pessoa confrontará de forma mais notável seus sucessos e fracassos no auto-refinamento, espelhados no comportamento do cônjuge para consigo. Em geral, esta atitude recíproca entre os cônjuges está em um dos níveis da retificação da imaginação. Se o marido ainda está trabalhando sob as noções falsas e egoístas de amor e romance, seu comportamento certamente refletirá isso, e a mulher naturalmente se ressentirá de seu egocentrismo e competirá contra ele.

 Seu relacionamento - aquele de dois indivíduos não-relacionados ocupando "espaços" separados e opostos - será caracterizado por fricção freqüente e dolorosa. Alienada de um marido que ela sente não se interessar de coração por ela, a mulher se desconectará dele, e negligenciará suas obrigações de esposa. Assim que o marido se desembaraçar de sua imaginação impura, pode começar a trabalhar em si mesmo.

 Começa gradualmente a reordenar suas intenções de cumprir a vontade de Deus em todos os caminhos da vida, (particularmente em seu casamento), sentir a raiz da alma sua e de sua mulher, e a refinar seu caráter. Embora não tenha ainda completado este processo, sua esposa sentirá este esforço genuíno e reagirá esforçando-se para ajudá-lo e apoiá-lo.

 Apesar disso, até que o processo esteja completo, ela manterá um senso próprio separado. Os dois verão seu casamento como um relacionamento mutuamente vantajoso, onde cada um é feliz e pronto a dar, ao mesmo tempo em que espera receber em retorno.

 Se o marido tem sucesso em todas as áreas acima - purificando suas intenções de forma a que sua única motivação seja cumprir a vontade de Deus, afinando-se com a raiz da alma, sua e da esposa, e refinando seu caráter, sempre colocando as necessidades de outros acima das suas - as consciências do casal tornar-se-ão uma só.

 Sua absoluta devoção à vontade dela a inspirarão a devotar-se proporcionalmente a ele: "como [olhando para] a água, a face reflete a face, assim o coração de alguém acha seu reflexo em outro" (Provérbios 27:19). Ela sentirá que é parte indivisível dele, e todos os seus atos refletirão uma total devoção a ele.

sábado, 23 de abril de 2016

Frase - C. S. Lewis (1898 - 1963)


Invadindo o Sistema - Tzvi Freeman


Pergunta:
"Por que pessoas boas sofrem neste mundo?"
Bem, para dizer a verdade, não é exatamente isso que está me incomodando. O que me irrita é todo o prestígio, poder, prazer e franco divertimento que vão para os tipos mais desagradáveis e abjetos deste planeta. Sim, já ouvi diversas respostas. Mas nenhuma me satisfez. Por que coisas fantásticas acontecem a pessoas horríveis?
 Já me falaram: "Como você sabe que ele é realmente tão feliz? Talvez todas estas festas sejam sua maneira de escapar da culpa persistente que não lhe permite desfrutar a vida de modo natural?" Também já me falaram: "Como você sabe se ele é realmente tão mau? Talvez ele se esgueire da cama durante a noite para entregar clandestinamente alimentos a órfãos e viúvas." E finalmente: "Procure enxergar o quadro inteiro. No fim, todos os bons serão recompensados. Porém os maus não perdem por esperar, receberão o que merecem, e não será nada de bom."
 Isso não é suficientemente bom, penso eu. Se o mundo é a obra prima de um Deus que deseja o bem e a bondade, então o que estão estes parasitas fazendo em Seu mundo? Se alguém não respeita as regras do jogo e magoa outra pessoa, deveria ser imediatamente retirado de circulação. Um D’us realmente bom não deveria tolerar tipos maus e ordinários.
Resposta:
 Você está certo, não deveria ser assim. O mundo não foi projetado dessa forma. Todas estas respostas são secundárias. A verdadeira resposta é bastante simples. A resposta verdadeira é: Eles invadiram o sistema.  Você sabe tudo sobre os hackers, ou invasores – o lado obscuro do cyberspace.
 Por exemplo, você já passou por esses MUDs online (jogos de domínio do multi-usuário) onde os usuários entram num mundo simulado compartilhado, escolhem personagens (chamados avatars) para representá-los, e então seguem dirigindo e manipulando, empilhando arsenal virtual e eliminando outros avatars e qualquer outra coisa que queiram – incluindo o código.
 No caso de você estar pensando em enriquecer com um desses projetos, tenha isso em mente: 10% de seu orçamento irão para desenvolvimento, testes, servidores, marketing, etc. os outros 90% vão para a manutenção. Por quê? Porque no meio da noite, quando os programadores de jogos cobram o triplo pelo seu já caríssimo tempo, algum hacker descobrirá que se entrar ali e conseguir rapidamente digitar algum código, seu avatar torna-se invisível/todo poderoso/duplicado/podre de rico ou seja o que for que se aplique a este jogo.
 E então ele passa a informação a todos seus amigos. E então ele vai para Ebay e leiloa todas as novas armas virtuais que adquiriu – por dinheiro não-virtual. E enquanto eles estão nessa e seus programadores de olhos lacrimejantes estão lutando para enquadrar aquele hack sem ferrar todo o jogo para aqueles jogadores inocentes que apenas querem jogar segundo as regras – porque se eles desligam todas as vezes que isso acontece, o jogo estaria mais desligado que ligado – alguém encontra um outro hack, e depois outro, e seu MUD inteiro está chafurdando no seu xará.
 Bem, projetistas de jogos, consolem-se. Vocês não estão sozinhos. O Grande Criador do supremo MUD de todos os MUDs tem lidado com o mesmo assunto por mais de 5 mil anos. A diferença é que Ele quis assim. Olhe, se você tem um ponto fraco inevitável em seu sistema, onde vai colocá-lo? Porá sinais de neon apontando para ele, dizendo: "Não entre aqui! Isso bagunçará tudo!"
 Você conhece a natureza humana melhor que isso, não é? Sabe que não há nada mais tentador para um ser humano que o proibido, o perigoso e o francamente destrutivo. (Na verdade, não se trata apenas de seres humanos. Os pássaros fazem o mesmo com o seu pára-brisa – deixando para trás um autógrafo.) Portanto, aqui vai Ele colocando uma árvore no meio – exatamente, no meio – do Jardim.
 Então Ele comunica aos dois primeiros usuários: "Estão vendo aquela árvore linda e tentadora ali no meio do jardim? Por favor, não comam dela, tudo bem? Porque aí vocês poderão causar uma tremenda confusão." E Adão diz: "Ei, Eva! Sabe de uma coisa, há uma árvore ali da qual não devemos comer! Ei, que gosto terá, hein?"
Invadido e Re-invadido
 Isso lhe dá a ideia de que a primeira invasão foi uma armadilha, não foi? Não iremos até lá agora. Primeiro daremos uma espiada nas conseqüências da primeira invasão: mais significantemente, mais invasões. Cada invasão tem um efeito similar: afugentar qualquer vestígio da presença de Deus no esquema das coisas, confundir o sistema de regras e ordem, e fornecer montanhas de prêmios para aqueles que fizeram a bagunça. Em pouco tempo, fica mais fácil invadir que jogar conforme as regras.
 Podemos descrever o efeito do pecado de Adão como se: o mundo fosse como uma fruta, a polpa da fruta envolvida por uma membrana e uma casca. Ao comer daquela árvore, Adão efetivamente misturou a fruta e a casca juntas. Invasões posteriores mexeram e aumentaram a bagunça, até que tornou-se impossível encontrar um pedaço de fruta sem casca e fruta misturadas. Todos sabemos que sabor tem isso. Igual à confusão do mundo em que vivemos.
 Deixe-me colocar isso em termos de projeto de jogo: Você percebe que para ter um mundo, precisa tanto de cenário quanto de primeiro plano. Branco sobre branco não passa bem uma mensagem. No primeiro plano do mundo estão as coisas importantes, que comunicam informação, os eventos que trazem propósito Divino e deleite. O cenário é aquilo que precisa estar ali como um palco para que todo o drama possa ocorrer. Com cenário, a regra é a seguinte: quanto mais quieto, melhor.
 Como um quadro negro limpo, para desenhar um diagrama. Como o silêncio no salão quando você toca música. Como o céu escuro pelo qual você deve esperar antes de acender os fogos de artifício. O cenário não é mau. É necessário, para que possa ter um conteúdo significativo. Mas precisa conhecer seu lugar: é apenas um recipiente. É apenas o acompanhante, não o solista. Que o melhor que pode fazer é sentar numa cadeira do fundo e manter a boca fechada.
 Imagine, agora, que o cenário e o primeiro plano se confundem completamente. Todo o quadro está perdido. A comunicação é prejudicada e se torna sem sentido. Bem, foi exatamente isso que Adão e os outros invasores fizeram: tiraram todo o significado do mundo ao misturar o cenário com o primeiro plano. O efeito mais nefasto da mistura de cenário com primeiro plano não é tão grande a ponto do primeiro plano perder o significado. Pior: o cenário finge que também tem um significado.
 Leva uma vida só sua, como se toda a pintura tivesse sido feita para ele. Foi assim que o mal entrou no nosso mundo. O mal é o cenário ganhando vida, nutrindo-se de seu relacionamento com o primeiro plano – as centelhas de santidade que se perderam dentro dele. Você provavelmente deseja um exemplo agora, portanto aqui vai um: Muitos acreditam que o ouro foi criado para ser usado no Templo Sagrado de Jerusalém, local onde habitava a Divina Presença na terra.
 Porém a humanidade roubou o ouro para seus propósitos. Alguns chegaram a construir palácios repletos de ouro para glorificar a eles mesmos. O ouro chegou ao mundo e sua finalidade foi completamente desvirtuada, levada a níveis e servindo a propósitos mais baixos possíveis. Deus criou o potencial para a linda música no mundo. Era para ser uma forma de chegar até Ele e expressar um senso de unicidade em Seu mundo. Não era para ser a glorificação dos seres humanos, idolatria, violência, guerra, sensualidade desenfreada e para encher os cofres dos magnatas da música.
 Jogos eletrônicos não existem para que possamos transformar nossos filhos em máquinas contorcionistas e imunizar adolescentes aos horrores da violência e da guerra. Jogos virtuais existem para nos dar belas metáforas para que possamos entender o Criador e a criação.
 Todas as coisas boas, excitantes e divertidas foram criadas para o propósito de atingirmos uma consciência mais elevada e manifestar a unidade essencial no cosmos. Este era o jogo original. Atualmente, o jogo foi transformado numa corrida irracional para acumular o maior número de brinquedos, conseguir a maior estimulação sensorial e pôr abaixo o maior número de muralhas.
Passe o Código
 As coisas estavam tão más, que a Administração precisou fazer uma varredura em todos os dados que entraram, deixando cair o sistema por um ano inteiro, enquanto conservava somente um conjunto de caracteres (incluindo animais) em PRAM. Foi prometido que a próxima interação (o aparecimento do arco-íris) seria mais duradoura. Na verdade, desde aquela ocasião não houve mais uma maciça queda do sistema. No entanto, isso ocorreu ao custo de reduções significativas na duração de vida dos avatars. E quando toda a base do usuário tentou desviar o OS através de uma ação conspiratória(Torre de Babel), linguagens múltiplas tiveram de ser introduzidas para inibir o grau de interação usuário-a-usuário. 
 Estranhamente, levou muito tempo para que o Mestre Eterno do Jogo despertasse Seus programadores e passasse o código. Para cobrir todas estas invasões e embutir alguma capacidade de recuperação no sistema, precisa-se do código original anotado. Precisa-se também de um bom senso do conceito e projeto originais. Assim você desejará ver aquele primeiro conceito em papel, bem como o documento do projeto. Não há dúvida de que é disso que trata as Escrituras. As Escrituras fornecem também a fórmula para isolar as linhas de suprimento para aqueles nefastos invasores.
 Aqueles são todos os "não-faças". Uma vez que todas as linhas proibidas estejam abandonadas, o lado obscuro simplesmente murcha até o esquecimento. Há então as instruções para lidar com o "reino permissível" – todos os assuntos do mundo exterior. Como você poderá comer, dormir, trabalhar honestamente e conduzir seus relacionamentos pessoais com outros – tudo com Divino propósito. Desta maneira, tudo volta a seu lugar e o MUD retorna à ordem. Ocasionalmente, até ocorrem casos onde a própria escuridão é transformada em luz.
 Mais ou menos como ampliar o jogo, graças às descobertas dos invasores. Fazê-lo, no entanto, é um negócio extremamente arriscado. Freqüentemente é conseguido por um daqueles invasores, que se entregou e agora trabalha para o lado bom. Mas tudo está com o poder das Escrituras. Porque as Escrituras, contém o projeto, os conceitos e o documento do projeto de todo o Sistema Operacional deste mundo.
Mais Sequestros
 Os mandamentos são poderosos, mas também trazem novos riscos e perigos. Como explicamos, toda a força do mal vem por meio daquele primeiro plano sequestrado, também conhecido como "bem". No esquema original do projeto, o cenário tinha uma fonte de energia muito limitada.
 O protocolo de recursos do primeiro plano, por outro lado, é dinâmico: mais atividade = maior suprimento. Uma vez que as Escrituras entram em cena, recursos e energia de muito além do sistema começam a fluir para lá. Em termos simples, o bem traz mais luz ao mundo. E o mal sabe disso. E geme e grita pedindo um pouco daquela luz.
Então, o que o cenário – nascido como o mal – conspira para fazer?
 Assim que detecta uma fonte de mais luz entrando no mundo, esforça-se para afunilá-la naquela direção. Faz tudo que pode para passar por cima de quem está fazendo aquele bem e coisas maravilhosas, e portanto despeja todas as coisas ruins sobre ele. E então expande seu império ainda mais. Como diz certo dito: "Aquele que é maior que seu próximo, suas tentações também são maiores." 
 O lado obscuro não está interessado em bobões que vivem vidas normais. O lado obscuro não está interessado em sequestrar bicicletas. O lado obscuro está interessado em aviões 747 – pessoas e comunidades que estão conectadas a vidas cheias de propósitos.Agora você entende por que sempre que há o maior bem, ali você você encontrará maior dificuldade?
Você Gosta Mesmo Desta Resposta?
 Uma porção de pessoas não gosta desta resposta, que as deixa furiosas. Não é como uma daquelas respostas simpáticas que fazem você sentir-se bem e aquecido por dentro, porque você pode dizer: "Oh, agora vejo que as coisas não são tão terríveis, afinal." Pelo contrário, pensar sobre esta resposta pode até criar um senso de ultraje. Isso é bom. Não devemos ser pacificados por respostas.
 Devemos ficar ultrajados. Isso faz parte do processo curativo. Ficar revoltado pela maneira que as coisas são, e ter vontade de mudá-las. Como você pode ver, o ato de consertar o jogo em si torna-se o novo jogo. Um jogo muito mais profundo, exigindo um conjunto de talentos muito mais eficientes. Quando o mundo foi criado, foi criado com Sabedoria. "No início Deus criou…" como "Com Sabedoria, Deus criou…").
 Como o início de todos os começos é Sabedoria – a sabedoria de criar um mundo maravilhoso a partir de 0's e 1's. Mas então existe uma sabedoria mais profunda. Um começo antes do começo. A sabedoria que precede a Criação. Que sabedoria é esta? A sabedoria de consertar o que está quebrado – sem desligar o sistema inteiro. A sabedoria de transformar as trevas em luz, de transformar invasores em pessoal de alta qualidade, e invasões num código permanente.
 E esta é a sabedoria das Escrituras. Por enquanto, aqueles bobos enchem todo o globo. Porém os níveis mais difíceis estão logo antes da vitória. Segundo todas as indicações, estamos chegando lá. E agora você sabe por que Ele nos levou a invadir primeiro.