sábado, 16 de abril de 2016

Jó: Articulação e Suavização


 O livro de Jó é praticamente um manual de psicologia, descrevendo em detalhes o processo de psicanálise. Jó sofre de uma ansiedade psicológica, uma dor existencial que não pode suportar.

 Quando se confronta com isso pela primeira vez, comporta-se como um enlutado inconsolável, que não consegue dar vazão a seu sofrimento.

 Mesmo após sentar-se em silêncio por um prolongado período na presença de três amigos que foram visitá-lo para oferecer conforto, ele é incapaz de livrar-se da dor, e começa a falar amaldiçoando o dia em que nasceu. 

 Segue-se um diálogo infrutífero entre ele e seus amigos, sobre todos seus fardos, e reclamações contra Deus. Depois disso aparece um novo personagem, Eliú filho de Baraquel que fala com preocupação honesta sem afetação, e finalmente o próprio Deus se dirige a Jó e o reprova.

 Jó recupera-se psicológica e fisicamente, e retorna a seu estado anterior de saúde e bem-estar. Embora Jó não blasfemasse contra Deus, ele não aceitou seu sofrimento como justificado, e portanto não o aceitou com amor e submissão perante Deus.

 Seus três amigos tentaram fazer terapia com ele (cada um usando uma técnica psicológica diferente) e convencê-lo, sem sucesso, de que seu sofrimento não era sem motivo.

 Foi depois disso tudo que o jovem Eliú, que tinha ficado quieto durante todo o diálogo precedente em deferência aos mais velhos, ofereceu sua admoestação, sensível porém convincente.

 Eliú introduz suas declarações dizendo: "Pensei que a idade falasse, e que a passagem dos anos conferisse sabedoria." Mas quando ele viu que eles não poderiam responder a nenhuma das queixas de Jó, ele ficou desiludido com os anciãos e concluiu que, ao contrário, é o espírito dos homens e a alma de Deus [dentro dele] que lhes dá o entendimento (Jó 32:7-8).

 A fonte da verdadeira resposta a Jó está na inspiração Divina, que pode existir em uma pessoa jovem tão facilmente como em um ancião. Somente através da ajuda e inspiração de Deus um conselheiro ou terapeuta pode ter a esperança de penetrar nas profundezas do subconsciente da pessoa, e assim ajudá-la a resolver seus problemas psicológicos.

 Eliú, que começa o processo da verdadeira cura, faz o papel de Elias(João Batista), o Profeta, o arauto da verdadeira e suprema Redenção messiânica. Jesus o Messias é o psicólogo consumado que desvenda todos os pesadelos retorcidos do amargo exílio, revelando seu âmago bom.

 Jesus sabe como abrir a todos e possibilitar-lhes a articular sinceramente suas ansiedades; ele juntará todos os fragmentos dispersos da alma despedaçada de cada um e os trará de volta ao âmago imaculado de seu coração, que sempre foi fiel a Deus e Sua Palavra.

 Ele relembrará o homem de sua identidade esquecida, e assim resolverá o enigma de seu mal psicológico. Esta é a dimensão psicológica da tarefa de Jesus, reunir os dispersos de Israel de volta a Sião, pois Sião (que literalmente significa ponto ou marcador) simbolizando o ponto mais íntimo do coração.

 O exílio dos judeus é uma metáfora para a consciência dispersa de uma pessoa que perdeu contato com seu ser interior.

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