Immanuel Kant observou que todos parecem
preocupar-se com a questão de ética. Embora a moralidade seja diferente de
pessoa para pessoa e de sociedade para sociedade, todos lutam com as indagações
sobre o que é certo e errado. Todos os seres humanos possuem algum senso de
dever moral. Kant perguntou: "O que é necessário para esse senso humano
fazer sentido? " Kant respondeu a sua própria pergunta afirmando que para
a ética ter significado seria necessário que, em última análise, houvesse justiça.
De uma fria perspectiva prática ele perguntou:
"Por que sermos éticos caso a justiça não prevaleça?" Kant considerou a justiça um ingrediente
essencial para uma moral significativa. Ele notou porém, ao mesmo tempo, que a
justiça nem sempre prevalece neste mundo, que os justos sofrem e os perversos
muitas vezes prosperam na vida. Seu raciocínio prático continuou, argumentando
que desde que a justiça não predomina neste mundo, deve haver lugar em que ela
prevaleça. Para que a justiça exista, vários fatores precisam ser computados.
Temos de sobreviver a sepultura.
É preciso haver um juiz.
É preciso haver um julgamento.
Temos de
sobreviver a sepultura - A fim de que haja justiça, é necessário que existam
pessoas para recebê-la. Desde que não a recebemos neste mundo, devemos
transcender a sepultura. A justiça exige uma vida além da morte, caso a ética
deva ser prática.
É preciso haver um juiz - A justiça requer julgamento e este
um juiz. Mas como deve ser o juiz, a fim de assegurar
que sua sentença seja justa? Kant responde que o próprio juiz precisa ser
justo. Caso o juiz fosse injusto ele tenderia então a perverter a justiça em
lugar de estabelecê-la. O juiz tem de ser absoluta e completamente justo para
assegurar justiça final.
Mas até mesmo juízes justos são capazes de
cometer injustiça em caso de erro de sua parte. Juízes honestos condenaram
pessoas inocentes cercadas por um grande peso de evidência circunstancial.
Nosso juiz deve ser incapaz de cometer tais enganos. A fim de praticar a justiça perfeita, ele deve
ter um conhecimento perfeito de todos os fatos e circunstâncias atenuantes. O
juiz deve ser nada menos que onisciente.
É preciso haver um julgamento - Um
juiz perfeitamente justo e onisciente é necessário para que haja justiça, mas
não basta para assegurá-la. Uma vez que o juiz perfeito ofereça o veredicto
perfeito, a sentença deve ser executada.
Se recompensas e castigos adequados devam ser
aplicados, o juiz precisa ter a autoridade e o poder de levá-los a efeito. Caso
nosso juiz justo e onisciente não possa fazer isso, não haverá então garantia
de justiça. Um poder maligno talvez pudesse impedir que o juiz executasse
justiça. Assim sendo, seria necessário que ele tivesse
o poder perfeito da onipotência.
Para Kant, a prática da ética exige, portanto
que a vida continue além da morte e um juiz cuja descrição se pareça muito com
o Deus da Bíblia. Kant reconheceu que seus argumentos tinham natureza prática.
Não provam finalmente a existência de Deus - mas deixa para o ser humano apenas
duas opções. O importante é que ele reduziu as opções
práticas para o ser humano em duas - dizendo que ou aceitamos o teísmo total
com a vida após a morte ou não teremos uma base final significativa para nossas
decisões e atos morais.
Sem ética a vida torna-se caótica e finalmente
impossível. Sem Deus a ética perde o sentido. A conclusão de Kant foi então
esta: "Devemos viver como se houvesse um Deus". A vida era para ele
intolerável sem uma base sólida para a ética. Se a morte é o fim, nenhuma
exigência ética é na verdade importante - nem faz sentido.
Josemar Bessa
De quais textos de kant você tirou essas conclusões pastor? Gostaria das fontes. Ou isso foi algo que se conclui de tudo que ele escreveu?
ResponderExcluirOi Gleivissom, perdão pela demora em responder! Mas estes texto eu extraí do pastor Josemar Bessa, ele lê bastante sobre filosofia, teologia e etc. Eu creio que é uma conclusão do pensamento kantiano!
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