1 – O Movimento
Todas as coisas no universo estão em
movimento, ou seja, em contínuo desenvolvimento. Contudo para que saiam do
estado de inércia (ausência de movimento), para o estado de ação, deve haver
uma força capaz de proporcionar a ação. Por exemplo: Uma bola de futebol se
movendo. O pé do jogador a colocou em movimento. O jogador foi gerado de sua
mãe. E sua mãe nasceu de sua avó, e esta de sua bisavó, e assim
regressivamente.
Se
fôssemos voltando até encontrar o primeiro movimento, que retirou a bola da
inércia e a colocou em movimento (ação), nunca o encontraríamos, pois sempre
existiria um movimento anterior, até o ponto em que fosse impossível chegar ao
primeiro movimento (ou alteração), por essa razão, precisamos apontar um
primeiro movimentador (alterador), que não é movido por ninguém, mas que
movimenta todas as coisas, e todos compreendem que este é Deus.
2 – As Causas Eficientes
Nesse mundo
palpável, todas as coisas existentes possuem uma causa anterior de existir, que
deve ser maior do que a própria causa. Por exemplo: Um carro viajando por uma
estrada. É impossível imaginar um carro existindo sem que haja uma fábrica que
o produziu (a fábrica é a causa eficiente, que produziu o carro) e da mesma
maneira é impossível imaginar uma estrada que não tivesse sido construída por
alguma empresa construtora (a empresa construtora é causa eficiente, que
construiu o carro).
Não há nenhum caso conhecido no mundo em que
uma coisa qualquer é a causa eficiente de si mesma, pois nesse caso, seria
anterior a si mesma, o que é simplesmente impossível. Como no nosso exemplo é impossível
imaginar que o carro e a estrada existam por si mesmos, isto é, sem uma causa
eficiente. Assim, se retrocedermos, causa por causa, até o infinito, teremos
que admitir uma primeira causa eficiente (que produz de si mesma), à qual todos
damos o nome de Deus.
3 – A Possibilidade e a Necessidade
Na observação da natureza, podemos
encontrar coisas que são possíveis de ser e não ser, de modo que, dependendo da
circunstância algo é possível, e em outras situações não é possível. Por
exemplo: É possível a um homem, em condições climáticas normais, colocar fogo
em um arbusto, mas caso esteja chovendo muito, isso não é mais possível. Entretanto,
se parar de chover, torna-se possível ao homem atear fogo no determinado
arbusto.
Então, podemos dizer em nosso exemplo, que
enquanto estiver chovendo, não existe fogo no arbusto (não ser), ao passo que,
terminada a chuva e colocado o fogo pelo homem, o arbusto se incendeia (ser). Dessa
maneira, todas as coisas dependem da possibilidade de ser, pois caso não haja a
possibilidade para determinada coisa de ser, ela não será, isto é, não
existirá. Podemos falar agora da necessidade.
Para que alguma coisa seja possível de ser,
deve haver algo capaz de fazer possível que determinada coisa seja. Esse algo
capaz de fazer alguma coisa ser, então, é algo necessário, sem o qual não seria
possível para a coisa ser. No exemplo acima, a não existência de chuva forte,
faz o fogo no arbusto ser.
Se fôssemos retroceder a todas as coisas
necessárias para que o arbusto pegasse fogo, voltaríamos até o infinito, pois o
ato de colocar fogo no arbusto faz parte de uma cadeia sequencial de atos de necessidade) até que seja possível colocar fogo no arbusto (arbusto seco –
arbusto – nascimento do arbusto – semente do arbusto – terra para plantar o
arbusto, e assim até o infinito).
Assim, não podemos deixar de admitir a
existência de algo que tem em si mesmo sua própria possibilidade e necessidade,
não as tendo recebido de nenhum outro, mas antes, esse algo é a causa
necessária e da possibilidade de tudo mais ser. A esse algo, todos os homens
chamam de Deus.
4 – A Gradação
Em todos os
seres, podemos encontrar um determinado sistema de gradação entre eles, isto é,
alguns que são mais e outros que são menos bons, amáveis, sinceros, nobres.
Porém essas gradações (de mais ou menos) são atribuídas a diversas coisas na
medida em que elas se parecem com algo que é o máximo. Por exemplo: Dizemos que
alguém é mais nobre, mais amoroso, mais misericordioso, em relação àquele que é
nobre, amoroso e misericordioso.
O máximo, dentro de qualquer gênero, é a
causa de tudo quanto existe nesse gênero. Assim, deve haver algo que, para
todos os seres, é a causa do ser de todos eles, de sua bondade e de todos os
seus outros atributos, e a esse algo graduado no nível máximo, chamamos de
Deus.
5 – O Governo e a Finalidade
A quinta
maneira de se provar a existência de Deus se baseia no governo e na finalidade
(teleologia) inteligente do mundo, isto é, as coisas existentes, não estão no
mundo aleatoriamente dispersas, mas possuem uma utilidade, e ainda além dessa
utilidade, possuem uma finalidade. Por exemplo: A erva cresce, se torna
alimento da ovelha, e esta se transforma em alimento e vestimenta para o ser
humano. Entretanto esse argumento vai muito além de mostrar uma cadeia simples
de governo e finalidade (erva – ovelha – homem): Ele revela a inter-relação
perfeita de todas as coisas no mundo.
Assim, todas as coisas naturais foram
ordenadas a se comportar de uma determinada forma (governo), para atingirem um
objetivo também previamente estabelecido (finalidade). Ora, é impossível para coisas irracionais se
dirigirem a uma finalidade, a menos que sejam orientadas por algum ser dotado
de conhecimento e inteligência, tal como a flecha não pode atingir um alvo se
não for orientada pelo lanço de um arqueiro. Portanto, existe algum ser por
meio do qual todas as coisas naturais são dirigidas (governadas) às suas
respectivas finalidades (pré-determinadas por Ele). E a esse ser chamamos de Deus.
O ser humano
possui virtudes que vão muito além daquelas que são aplicadas às aptidões
físicas ou intelectuais: Ele possui virtudes de caráter, que são inconciliáveis
com qualquer instinto e lógica natural, ou seja, o indivíduo humano externa
determinadas atitudes que contrariam o instinto de autopreservação ou de prazer
próprio.
Por exemplo, o homem é capaz de atos de
extrema bravura e nobreza, ao entrar em locais em chamas para salvar a vida de
seus semelhantes, e isso sem receber nenhuma retribuição, ou ainda, é capaz de
enunciar honras a sua própria pessoa para reconhecer que outros fizeram um
melhor trabalho que ele, e por isso são mais dignos de receberem as honras que
lhe são prestadas. Muitos outros exemplos poderiam ser apontados, mas esses já
bastam para concluirmos que o homem possui, como nenhuma outra coisa ou ser,
virtudes morais, que o determinam a definidas atitudes que não são nem
instintivas, tampouco apenas intelectuais.
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