quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Descartes, a Matemática e a Alma - Josemar Bessa

 
 É possível, em nossa época, falar sobre a alma de maneira significativa? As pessoas tendem a pensar na vida quase que exclusivamente em termos materiais. A Bíblia diz que a alma é o local onde o Espírito Santo trabalha - e é onde a iluminação divina nos atinge, trazendo amor a Lei de Deus... As pessoas hoje falam em conceitos como“mente” ou “personalidade”.

 Porém, cada vez mais a ideia de “mente” está sendo definida como um dispositivo apenas físico-químico. Já não se admite mais tão facilmente que o pensamento e a morte sejam realidades não físicas. No século XVII, o filósofo e matemático francês René Descartes investigou a eterna conexão entre mente e corpo e entre pensamento e ação.

 Em uma argumentação complexa, relativa a interação entre as duas, ele tratou de como os pensamentos dão origem às ações e como as ações dão origem aos pensamentos.Por exemplo - Você está desempenhando uma ação com o seu corpo - esta lendo esse blog. Está utilizando seus olhos, seus dedos no teclado ou mouse. A medida que você lê, ou sente, a ação faz com que você pense.

 Estes pensamentos se transformam em ação se você enviar isso a algum amigo, ou comentar aqui no blog sobre o que está lendo.Pensamentos geram ações e ações geram pensamentos. As ações são basicamente físicas. Os pensamentos são basicamente não físicos (embora por enquanto eles pareçam exigir um dispositivo físico - isto é, um cérebro - para tê-los) - Descartes distinguiu o corpo da mente utilizando os termos extensão e não extensão.

 O estendido é aquilo que ocupa espaço e é mensurável. O não estendido não ocupa espaço e é imensurável. Descartes lançou mão da Matemática para descobrir o modo de conectar os dois. Ele usou o conceito matemático do “ ponto” para transpor a lacuna entre eles. O “ponto” é um híbrido filosófico indefinível. Ele ocupa espaço, mas não possui extensão mensurável.

 Pensadores posteriores contestaram a solução de Descartes e propuseram soluções diferentes para explicar a interação entre o corpo e a mente. Mas ninguém foi capaz de evitar conclusivamente a diferença entre mente e corpo. Mesmo aqueles que argumentaram que os pensamentos não passam de ações físicas determinadas por causas físicas incontroláveis, utilizam pensamentos para tentar nos persuadir de seus pontos de vista.

 Se estamos totalmente condicionados a pensar o que pensamos, então o argumento de que estamos tão condicionados está igualmente condicionado e portanto não tem validade lógica. Se todos os argumentos são determinados por causas físicas, nenhum argumento pode ser válido, incluindo o argumento de que todos os argumentos são determinados por causas físicas.

 Tal argumento seria de fato irracional. Ao refletirmos a respeito do pensamento, não podemos transcender o próprio pensamento. Para contemplarmos o pensamento, devemos pensar em fazê-lo. O exercício completo envolve uma conscientização de alguma coisa não física.

Nenhum comentário:

Postar um comentário