quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Os Cinco Componentes da Personalidade Humana - Yosef Y. Jacobson


 A filosofia e a psicologia, ensinam que o comportamento humano é impulsionado por quatro causas primárias: ego, anseios corporais, razão e uma compulsão por destruir. Cada um de nós tem um ego – um anseio pelo poder, auto-domínio e auto-determinação. Todos nós vivenciamos incessantes demandas por parte de nosso corpo.

 Todos temos o poder da razão, a capacidade de tentar entender a realidade e nos comportar de acordo. E. cada um de nós tem uma compulsão para o mal e a destruição. Para muitos de nós, este impulso encontra expressão meramente num sonho ou num pensamento fugaz; para outros, é concretizado no comportamento. Este último impulso é único no sentido em que raramente exibe sua face genuinamente perturbadora ao homem que o experimenta.

 Nossa compulsão para o mal geralmente disfarça sua atitude por trás do véu das outras três qualidades humanas. Usa o ego, as necessidades corporais ou a razão humana como um meio para explicar e justificar suas metas abomináveis. Porém na raiz desse impulso está um anseio pelo mal e pela destruição, enraizado na psique humana.

 Por trás desses quatro componentes conhecidos da nossa personalidade está uma quinta dimensão, mais profunda, o “ser mais elevado”, ou “o ser interior”. Esta é a consciência moral do espírito humano – a centelha de Deus dentro de nós – que nos impulsiona a transcendermo-nos e tentar atingir a verdade da realidade. Este ser interior inspira o idealismo humano e reflete a bondade e integridade de seu Criador.

 Se os quatro elementos do motor humano estão desconectados do ser Divino mais elevado, potencialmente cada qual se torna perigoso. Um ego que serve a si mesmo pode nos levar a destruir aqueles que passam pelo nosso caminho. Nossos anseios corporais e tentações podem nos jogar no abismo. A auto-indulgência excessiva alimenta o vício e o caos.

 A força da razão por si mesma permite que a pessoa racionalize qualquer tipo de comportamento e invalide os limites morais do mundo. Somente com a razão podemos justificar a crueldade e o barbarismo. Nossa sofisticação racional e intelectual pode até nos levar a justificar o verdadeiro mal: terroristas são transformados em “militantes frustrados” e monstros humanos que queimam crianças vivas são julgados como iguais às suas vítimas.

 A razão sozinha, sem clareza moral, pode se tornar perigosa. Finalmente, nosso impulso na direção do mal pode facilmente nos compelir a infringir sofrimento sobre seres humanos inocentes. Por outro lado, se nos abrirmos à Divina essência de nossa personalidade e começarmos a absorver suas lindas melodias, podemos empregar estes quatro componentes como instrumentos para nosso crescimento moral e nossa espiritualidade.

 Nosso ego, desejos morais e força da razão podem ser usados de maneira boa e construtiva. Até nosso impulso para destruir pode ser usado como uma arma para erradicar e destruir o mal dentro de nós e dar um fim ao mal no mundo que nos cerca.

Quatro Impérios

 Analisando as Escrituras de uma maneira mais profunda, o microcosmo reflete o macrocosmo e vice-versa. Assim, as Escrituras explicam que esses quatro elementos da psique humana foram representados pelos quatro impérios globais que dominaram o mundo na história.
O primeiro foi o Império Babilônico, famoso pela sua ambição de poder e domínio desenfreados. Seu primeiro rei, Nabucodonosor, que destruiu o Primeiro Templo em Jerusalém e exilou o povo judeu para a Babilônia (atual Iraque) incorporava o egoísmo par excellence.
 Veio então o Império Persa, notório pela sua incessante indulgência em hedonismo e prazeres materiais. Assuero, o rei persa e marido da Rainha Ester, deu um banquete que durou 187 dias! Imagine uma festa que continua por seis meses sem parar…
O Império Grego veio em seguida. Sua contribuição à civilização foi o desenvolvimento da lógica e da filosofia. Para os gregos, a mente humana era o zênite da existência.
 Então veio o Império Romano. Este foi liderado na maior parte por monarcas cruéis cuja brutalidade não tinha limites. Roma destruiu o Segundo Templo, massacrou milhões de judeus e incontáveis outros seres humanos, mas talvez o mais importante, Roma transformou a brutalidade em cultura. Os Gladiadores, o ponto alto dos esportes romanos, foi um arrepiante exemplo disto.
Após a derrota de um gladiador, se a multidão desse o sinal para que ele morresse, havia um ritual a ser cumprido. Com um joelho no chão, o perdedor agarrava a coxa do vencedor que, enquanto segurava o capacete ou a cabeça de seu oponente, passava a espada pelo seu pescoço ou cortava sua garganta, dependendo da arma.

 Para morrer com glória, um gladiador não tinha permissão de pedir misericórdia e não podia gritar ao ser morto. Se fosse derrotado, mas estivesse mortalmente ferido, o gladiador não era assassinado na frente da plateia, mas era tirado da arena para ser executado “humanamente” com uma martelada na testa, em particular.

 Ora, cada um desses quatro impérios dominou o mundo, e pasmem, cada um deles via o povo de Deus (Israel), como uma ameaça à sua existência e sucesso. Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, cada qual declarou guerra contra o povo de Israel, tentando destruí-lo.

 Por que estes poderosos impérios eram obcecados com uma pequena minoria, os judeus? A resposta é que para a mente deles, e também para os muitos monarcas e governantes que os seguiriam, o povo judeu representava a “quinta dimensão”, que desafiava a própria maneira de eles entenderem o objetivo da vida.

 Hitler declarou isso com essas palavras: “Consciência é uma invenção judaica. É um defeito, como a circuncisão.” O povo de Deus no decorrer de toda a sua história foram obcecados com a questão do certo e do errado. Ainda são. (Não conheço qualquer outro grupo que seja tão crítico sobre o próprio comportamento como o povo de Deus).

 A Bíblia ensinou que o mais importante para a civilização não é o auto-engrandecimento (Babilônia), nem a indulgência (Pérsia), nem mesmo a lógica e a busca do conhecimento (Grécia), e certamente não a agressão desenfreada (Roma), mas sim o componente mais crítico da sociedade é seu compromisso inequívoco com a moralidade universal, baseado na presença de um Deus vivo que se preocupa com o comportamento humano.

 O povo de Deus foi escolhido para outorgar à história humana a dignidade de propósito e para refinar e sublimar o ego (Babilônia), o corpo (Pérsia), a própria lógica (Grécia), e o mau impulso (Roma) como instrumentos para servir à moral e à causa espiritual.

 O confronto entre Israel e a Grécia Antiga pode servir como um bom exemplo. O pensador mais influente na Grécia (e talvez em toda a história intelectual do Ocidente) – ninguém menos que Aristóteles – argumentou em sua Política (VII.16) que matar crianças era essencial para o funcionamento da sociedade.

 Ele escreveu: “Deve haver uma lei para que nenhuma criança imperfeita ou aleijada seja criada. E para evitar o excesso de população, algumas crianças devem ser expostas, pois um limite deve ser fixado para a população do estado.”

 Note o tom de sua declaração: Aristóteles não está dizendo “Eu gosto de matar bebês”, mas está fazendo um cálculo frio e racional: a superpopulação é perigosa; esta é a maneira mais funcional de tratá-la. Platão escreveu em seu Simpósio (178C): “Eu, pela minha parte, não sei que maior bênção um homem pode ter na juventude que um amante honrável…”

 Os gregos introduziram na consciência humana uma ideia que que o ser humano é o centro de todas as coisas. A mente humana e sua capacidade de entender, observar e compreender as coisas racionalmente é tudo.

 Para os cristãos, os seres humanos foram criados à imagem de Deus. Para os gregos, os deuses foram feitos à imagem dos seres humanos. Para os cristãos, o mundo físico era algo a ser aperfeiçoado e elevado espiritualmente. Para os gregos, o mundo físico era perfeito. Para os gregos, o que era belo era sagrado. Para os cristãos, o que era sagrado era belo.

 Opiniões tão diferentes estavam fadadas a colidir. E isso ocorreu no segundo século a.C. O Império Greco-Sírio procurou helenizar os judeus à força e dar um fim à sua fé. Mulheres que permitiam a circuncisão nos filhos eram mortas com os filhos atados ao seu pescoço.

 Os eruditos de Israel eram espreitados, caçados e mortos. Judeus que se recusavam a comer carne de porco ou sacrificar porcos eram torturados até a morte. Os altares a Zeus e outras divindades pagãs eram construídos em todas as aldeias, e os judeus eram forçados a participar dos serviços sacrificiais. Chanucá celebra a vitória do estilo de vida judaico sobre o grego.

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