Devemos ser santos porque sem a santidade na terra nunca estaremos preparados para desfrutar do céu. O céu é um lugar santo. O Senhor do céu é um Ser santo. Os anjos são criaturas santas. A santidade está estampada em tudo quanto existe no céu. O livro de Apocalipse expressa: "Nela nunca jamais penetrará cousa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira..!' (Ap. 21:27). Apelo solenemente a todos quantos lerem estas páginas: como é que nós poderemos sentir felizes e à vontade no céu, se morrermos destituídos de santidade?
A morte não opera automaticamente alguma transformação. O sepulcro não impõe qualquer alteração. Cada indivíduo haverá de ressuscitar com o mesmo caráter com que deu o seu último suspiro. Onde será o nosso lugar, se vivermos hoje estranhos à santidade? Suponhamos por um momento que você tivesse a permissão de entrar no céu sem santidade. O que você faria? Qual prazer você poderia usufruir ali? A qual dentre todos os santos você se achegaria, e ao lado de quem você se sentaria?
Os prazeres deles não seriam os seus prazeres, os gostos deles não seriam os seus gostos, o caráter deles não corresponderia ao seu caráter. Como você poderia sentir-se feliz, se não tivesse sido santo neste mundo? Atualmente, talvez você prefira a companhia dos negligentes e dos descuidados, dos dotados de mente mundana e dos cobiçosos, dos gozadores e dos que buscam prazeres, dos ímpios e dos profanos. Porém, não haverá tais tipos de pessoas no céu.
Atualmente, talvez você sinta que os santos de Deus são por demais estritos, solenes e sérios. Você prefere evitar a companhia deles. Você não se deleita na sua companhia. Porém, não haverá outro tipo de companhia lá no céu. Atualmente, você talvez opine que a oração, a leitura da Bíblia e o cântico de hinos evangélicos seja algo embotado e melancólico, uma atividade estúpida, algo que pode ser tolerado vez por outra, mas não usufruído com satisfação.
Você não poderia passar senão uma pequena fração deste tempo adorando a Deus. Os seus habitantes descansarão ali noite e dia, entoando hinos de louvor ao Cordeiro e exclamando: "Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso". Como é que um homem profano poderia encontrar prazer numa ocupação como essa? Imagina você que uma pessoa profana deleitar-se-ia em encontrar-se com Davi, Paulo e João, após uma vida inteira desperdiçada exatamente na prática daquilo contra o que eles falaram?
Porventura, ela tomaria doce conselho com esses personagens, e descobriria que tinham muito em comum? Acima de tudo, você imagina que tal pessoa se regozijaria em encontrar-se com Jesus, o Crucificado, face a face, após ter-se aferrado aos pecados por causa dos quais Ele morreu, depois de haver amado os Seus inimigos e desprezado os Seus amigos? Poderia tal pessoa pôr-se de pé diante de Cristo, com toda a confiança, unindo-se ao coro santo: "Eis que este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e ele nos salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos, e ele nos salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos a sua salvação exultaremos e nos alegraremos" (Is. 25:9)?
Antes, você não pensa que os lábios de uma pessoa profana se calariam de tanta vergonha, e que o seu único desejo seria ser expulso dali? Tal indivíduo se sentiria um estranho em uma terra desconhecida, uma ovelha negra em meio ao santo rebanho de Cristo. A voz dos querubins e dos serafins comporiam uma linguagem que ele não seria capaz de entender. O próprio ar lhe pareceria uma atmosfera irrespirável. Não sei dizer o que outros pensariam a respeito, mas, para mim, é claro que o céu seria um lugar insuportável para um homem mundano.
Não pode mesmo ser de outro modo. As pessoas podem dizer, de uma maneira vaga: "Eles têm a esperança de chegar ao céu". Porém, dizem assim por não considerarem o que estão dizendo. Deve haver um certo preparo para a "herança dos santos na luz" (Cl. 1:12). Nossos corações precisam estar sintonizados com essa herança. Para chegarmos ao descanso da glória, teremos de passar pela escola do treinamento na graça. Teremos de ser dotados de mente celestial, de gostos celestiais na vida que agora é, porquanto, doutro modo, nunca nos encontraremos no céu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário