As rodas do êxodo tinham começado a girar: o doce perfume da liberdade estava no ar. Porém, os israelitas ainda não estavam prontos. Eles careciam de méritos e ainda estavam cobertos pela sujeira pecaminosa. Precisando desesperadamente de purificação, eles foram ordenados por Deus:
“No dia dez deste mês, cada homem deve pegar um cordeiro… Devem vigiá-lo até o dia catorze do mês [quando] toda a congregação da comunidade de Israel irá abatê-lo à tarde. Devem pegar o sangue e colocá-lo nos portais e batentes de suas casas.”
O que o abate de um cordeiro e a exibição do seu sangue têm a ver com purificação espiritual?
Rompendo um Vício
Na época da nossa história a maioria dos israelitas frequentava muitos templos espalhados por todo o Egito – venerando uma profusão de deuses, todos exceto o deles. Pesquisadores espirituais por natureza, os judeus tinham se tornado profundamente apegados aos seus ídolos.
Enfatuados com o paganismo, eles terminaram por se tornar viciados. Por motivos quase inimagináveis, no topo da cadeia de idolatria ficava o cordeiro. No Egito antigo, o cordeiro era servido pelas pessoas, em vez de (o cordeiro não permita) servir às pessoas…
Tão grande era a veneração a esses animais que causar-lhes dano era punido com a morte, como é mostrado pelo argumento de Moisés quando ele tentou negociar com o faraó um feriado para seu povo.
Em resposta às palavras do faraó: “Vai e sacrifica para teu Deus nesta terra,” Moisés respondeu: “Não seria correto fazê-lo, pois é a deidade do Egito que eu sacrificaria ao nosso Deus…” Deixando de lado a etiqueta social, seria suicídio – “… se sacrificássemos a deidade do Egito perante os olhos deles, não seríamos apedrejados?”
O raciocínio por trás da ordem Divina de abater um cordeiro e colocar seu sangue para todos verem agora se torna bastante claro. Pois não é passando para o outro extremo e se livrando daquilo que antes não podia ficar sem, a melhor cura para um vício?
Poderia haver maneira melhor de renunciar e denunciar sua antiga obsessão com cordeiros matando um publicamente? Ao espalhar seu sangue, a fonte de sua vitalidade, sobre as portas, eles estavam dizendo: “Os ídolos que antes pensávamos ser fonte da vida na verdade não têm vida!”
Além disso, sua sinceridade e fidelidade para com o Deus de seus pais estavam sendo provadas pela sua disposição em se arriscar para cumprir Sua vontade. Somente arriscando a vida para cumprir Sua ordem, eles poderiam realmente se purificar.
Foi esse sangue que adornou suas portas que mais tarde os distinguiu dos vizinhos egípcios na época da praga do recém-nascido e lhes garantiu a imunidade que tiveram. Uma questão ainda permanece: Os israelitas foram ordenados a preparar a ovelha e abatê-la quatro dias depois, no dia catorze.
Por que o intervalo de quatro dias? O mais preocupante: por que prolongar o risco para as vidas dos judeus? Mas este é exatamente o ponto. Pois se o processo era instantâneo, seus efeitos não durariam mais tempo.
Se eles tivessem de sacrificar a si próprios ainda enquanto “sob a influência” da impressionante exibição da força de Deus, eles acordariam de ressaca” e com dor. Jamais devemos confundir inspiração com transformação.
A primeira vem facilmente, a segunda não. Como diz o ditado: “Tudo que vem fácil, vai fácil.” Então, era no melhor interesse dos judeus, o que é importante para Deus, que eles tivessem tempo extra para refletir sobre as coisas.
Esse tempo lhes permitiu olhar para a ovelha atada às suas camas com olhos sóbrios. Apenas imagine: pela manhã, quando eles acordavam e à noite antes de se deitar, e provavelmente muitas vezes nesse intervalo, eles eram forçados a olhar para sua ex-deidade – e então olhar para si mesmos nos olhos e perguntar se estavam ou não prontos para fazer a grande transição que tinham planejado.
Que montanha russa emocional eles devem ter passado – forçados num aposento com seu passado escuro mas tentador, tornado pior pelo banimento de seu deus antigo. Porém, isso facilitou o verdadeiro encerramento.
O Que Há Nisso Para Mim? Sem planejamento não há plano. Quando você se avalia contra as suas resoluções, não está limitando seu crescimento e contribuições – está aumentando-as. Até o ouro pode ser pesado demais para carregar se não for cortado em pedaços.
O salto de fé é muito importante, mas não sem um local de pouso; a diferença entre skydiving e suicídio é um paraquedas. Isso não é sobre diminuir o salto; é sobre sublinhar o antes e o depois. A inspiração, quando interiorizada e aperfeiçoada, torna-se a base da transformação.
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