Ah, as zonas de conforto. Como precisamos de nossas zonas de conforto. Como somos incomodados quando nossas zonas de conforto são perturbadas. Tente tirar alguém da sua zona de conforto. Você acha que pode ter algum sucesso? A história de Abraão nos dá muito para pensar sobre zonas de conforto, liberdade, conformidade, subjetividade, dogma religioso e mais assuntos “triviais” como esses. Permita-me dizer que apesar da noção popular sobre obediência religiosa, conformidade nada tem a ver com as opções que fazemos; é tudo sobre as razões que nos obrigam a fazer essas opções. Em outras palavras, não se trata da atividade em que escolhemos nos envolver mas sobre a pessoa. É como a liberdade. O que é liberdade?
Muitas pessoas diriam que liberdade significa fazer aquilo que se gosta. Porém esta é uma definição muito simplista. Há muito poucas pessoas que são indulgentes em fazer tudo aquilo que desejam e não necessariamente se sentem livres. Existem outras que não fazem tudo aquilo que lhes agrada, e sentem-se inteiramente livres. Liberdade não é aquilo que você está fazendo, mas por que está fazendo. Liberdade significa que seja o que for que você faz, isso não é imposto sobre você, vindo de fora, mas é uma escolha sua, interior. Correr a vida toda experimentando tudo de todas as maneiras não significa necessariamente que você é livre. Você pode estar fugindo do medo, até do pânico, apavorado por não estar presa em um lugar (“perigoso”) por muito tempo.
Por outro lado, você pode escolher sentar-se e meditar num canto durante um dia inteiro, e ser completamente livre – porque você fez esta opção sem qualquer imposição externa ou interna. Agora, voltemos ao dilema. Escolher um determinado caminho em si não determina se a pessoa que faz a escolha é livre. Porque a liberdade não é sobre o caminho que você escolhe, mas por que o escolhe. Se o caminho que você escolhe é devido à imposição, então se torna o seu caminho. Da mesma forma, seria absurdo dizer que um músico que “toca de acordo com a partitura” de notas musicais está se conformando a uma estrutura existente. Na verdade, um músico que, em nome da não-conformidade, se recusasse a usar as notas musicais que outros antes dele usaram, seria considerado insano. E isso, inevitavelmente, também levará a um ponto ainda mais importante.
A pessoa livre não se contentará apenas em percorrer a mesma trilha que outros percorreram antes dela, mas acrescentará seu traço particular, sua contribuição única. Não diferente de um verdadeiro músico que tocará as mesmas notas, até a mesma peça de música (composição), com seu toque único. OK, eu sei que alguns poderiam argumentar que toda escolha que fazemos em última análise é resultado de muitos fatores que subjetivamente têm moldado nossas vidas. Até o próprio livre arbítrio pode ser discutido. Como escreve um cínico: Devemos acreditar no livre arbítrio; não temos escolha. Apesar disso, existe uma distinção muito forte entre comportamento impulsionado pela imposição e aquele que vem de um conflito interior que leva a uma opção individual e o compromisso de seguir um determinado caminho.
Um conformista é aquele que se comporta de certa maneira porque esta é a maneira de os outros se comportarem. Muitas vezes é alguém que não deseja “balançar o barco” e gosta da zona de conforto da estrada convencional (a estrada mais viajada). Às vezes pode ser por pressão, medo de ser diferente, aceitação e coisas desse tipo. Uma pessoa livre não é impulsionada pelo medo, rivalidade (ou outra forma de pressão), mas pela sincera busca da verdade. Representada por Abraão, como já dizia alguém: “Comprometido com a verdade porque ela é verdadeira”. Abraão é ordenado a deixar seu passado para trás – sair da sua zona de conforto – todas as influências subjetivas de sua “terra”, “local de nascimento” e “casa dos pais”.
Liberte-se da pressão e das influências de seu amor próprio subjetivo, de sua sociedade e de seus pais – e começará a encontrar a si mesmo, seu verdadeiro eu. Veja Abraão, o primeiro e último revolucionário. Ele cresceu num lar e sociedade privilegiados, e mesmo assim escolheu rejeitar tudo na busca pela verdade. Abraão desafiou o mundo inteiro no qual ele vivia. Enquanto todos ficavam de um lado do rio, ele atravessou e ficou do outro lado. Obviamente você pode vencer sua rebelião a algum impulso genético interior, e talvez a necessidade de deixar sua marca no universo. Porém a questão indiscutível por baixo disso seja: Abraão não fez suas escolhas devido a forças externas – familiares ou sociais – impondo-se a ele.
Abraão escolheu independentemente começar uma nova jornada, nunca antes feita, e o mundo então nunca mais foi o mesmo. Reconhecer a não-conformidade de Abraão foi relativamente fácil. Ele simplesmente não era o produto de qualquer comunidade – nem mesmo de rebeldes. Hoje, porém, não é tão fácil discernir uma voz realmente independente em meio a todas as culturas existentes. Se alguém, por exemplo, escolhesse seguir o caminho de Abraão, juntar-se à sua comunidade e viver pelos padrões de Abraão, o argumento pode ser feito que essa pessoa está se conformando a um caminho batido pelo tempo. Mas, na verdade o conformismo não é tanto sobre as escolhas que você faz quanto é sobre aquilo que o leva a fazer essas escolhas.
Abraão dá a cada um de nós o poder de sermos não-conformistas – de tocar as mesmas notas musicais que foram tocadas antes, mas de maneiras completamente diferentes. Ao escolher não ler certos livros ou ouvir música por medo que possam nos afetar ou influenciar tornamo-nos mais ou menos objetivos? Todos temos nossas experiências subjetivas e motivos para fazer nossas escolhas, e tudo na vida pode nos influenciar, e o faz. “A objetividade não é determinada por quem você conhece e aquilo que você vivencia, não é sobre quais influências o afetaram ou para quais locais você viajou. Trata-se do que você faz com aquelas influências. Como você permite que elas informem e eduquem você.
Como as usa para transcender sua natureza subjetiva e gerar energia objetiva.” Nem todo revolucionário é um espírito livre e nem todos que vivem por regras definidas são conformistas. É claro que há conformistas no mundo religioso e há espíritos livres no mundo secular. Porém o oposto é igualmente verdadeiro. Na verdade, Abraão nos desafia a todos fazermos a pergunta: Não faria sentido dizer que você é mais livre e pode expressar melhor seu eu mais verdadeiro quando se alinha com os parâmetros Divinos (aquilo que alguns chamam de “regras”) da existência? Senão vejamos: Exercitar-se todos os dias exige esforço e disciplina para seguir certas regras rígidas. Porém, ao fazê-lo alinhamos nosso corpo com seus ritmos naturais e portanto permitimos que trabalhe com o máximo de sua capacidade.
Para aperfeiçoar sua arte um artista precisa de horas de treinamento e disciplina, e deve seguir uma estrutura musical definida. Porém é exatamente esta disciplina rígida que lhe permite desempenhar com o padrão mais alto de excelência. Assim também na nossa vida psico/espiritual: A verdadeira liberdade é atingida quando se descobre o ser interior, permitindo que seus ritmos se expressem por si mesmos, sem imposição de qualquer força fora da sua verdadeira essência própria. Para conquistar essa auto-descoberta e a liberdade, o mais importante e mais primordial que você pode fazer é: sair das suas zonas de conforto! As zonas de conforto podem ser mais confortáveis. Porém jamais trazem crescimento.
Sim, há um tempo para nutrir, para estar num local, num lar, onde podemos nos sentir confortáveis para explorar, para apenas ser. Porém o verdadeiro desafio – e verdadeiro crescimento – começa quando deixamos nossas zonas de conforto, quando saímos e precisamos iniciar e criar por conta própria. Pense sobre sua própria vida: Quando você realizou mais? Enquanto ainda estava em casa, sustentado pelos seus pais, ou quando se afastou de casa pela primeira vez? O primeiro mandamento a Abraão ressoa pela história, sua voz falando a cada um de nós: Você deseja encontrar seu verdadeiro eu, deseja atingir seu potencial máximo, ser o melhor que puder – primeiro precisa deixar suas zonas de conforto, suas atitudes preconceituosas, seus contextos anteriores, seus padrões antigos.
Abra-se para uma nova perspectiva, viaje em novas estradas, levante seus olhos e contemple novas paisagens. Onde quer que você esteja na vida, se não tem manuais absolutos que dirigem sua vida, ou se vive segundo leis fixas que regulam cada aspecto do seu dia, cada um de nós tem a obrigação de: sair de nossos hábitos confortáveis, deixar de conformar-se com o passado. Sair do nosso conforto: não é apenas sobre deixar um passado negativo ou um mau hábito; a armadilha do conformismo inclui conformar-se com velhos padrões, até mesmo os saudáveis! Até mesmo alguém que segue cada vírgula da Bíblia e cada mandamento, é advertido a não cair na armadilha do comportamento mecânico, e sempre as mesmos mandamentos de cor.
Todo dia você deve ver e experimentar um mandamento novo, com fresca vitalidade. Todo relacionamento, especialmente com Deus, deve ser dinâmico e vivo.O chamado de Sair do nosso conforto - deixa teu passado – ressoa hoje talvez mais do que nunca. Com que frequência nos sentimos presos em nossas vidas? Com o ritmo estonteante da vida moderna, a tecnologia acelerada elevando continuamente nosso padrão de vida, nossas zonas de conforto continuam a se alargar, trazendo com isso uma profunda complacência.
Se você deseja mudar sua vida – e quem não quer? Sair da zona de conforto é a resposta. Você deve balançar sua vida. Tudo bem, balançar pode parecer muito forte. Vamos chamar de “mudar”. Você quer mudar, quer crescer, quer movimento, quer liberdade – deve mudar sua vida para novas arenas. Portanto saiamos da nossa zona de conforto, vamos nos balançar, sacudir uns aos outros, tirar o mundo de sua sonolência. Durante esta vida temos o poder especial de parar de sermos conformistas e nos tornar revolucionários.
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